PERISPÍRITO - Formação e Natureza

Conteúdo:


1. DO QUE É FORMADO O PERISPÍRITO?

Para se compreender a natureza do corpo espiritual do Espírito, denominado por Allan Kardec de perispírito, necessário se faz que o estudioso da Doutrina Espírita faça primeiro a leitura do texto sobre Conceito e Importância do Perispírito.

Assim, iniciamos nosso estudo sobre a NATUREZA DO PERISPÍRITO, trazendo a seguinte informação:

 “É semimaterial esse envoltório, isto é, pertence à matéria pela sua origem e à espiritualidade pela sua natureza etérea”.

Inicialmente vamos investigar o que significa ser envoltório semimaterial.

Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo[1]. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.”

Sobre a natureza do corpo físico todos nós temos conhecimento: é a nossa matéria. Mas, qual é a natureza do Espírito? Se a natureza do perispírito fica entre uma e outra, necessário se torna a compreensão da natureza do Espírito.

Vejamos o que os Espíritos nos informaram a este respeito:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo I - Dos Espíritos > Origem e natureza dos Espíritos. > 82
“82. Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais?
Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação, e com uma linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.”

Saber que a natureza do perispírito é intermediária entre a natureza do corpo e a do Espírito ainda nos deixa com uma ideia muito abstrata. Além de não termos ideia do quão etérea é a natureza do Espírito, mas também porque acrescentamos a indagação se a natureza do perispírito se aproxima mais da do corpo ou do Espírito.

Vamos trazer o seguinte texto sobre os estados inumeráveis da matéria que se originam da matéria prima do Universo que é o Fluido Cósmico Universal, para nos ajudar a compreender um pouco mais sobre a natureza do perispírito:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > I - Natureza e propriedade dos fluidos > Elementos fluídicos
“2. O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o da transformação do fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados.”
“3. No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível.”
“5. A pureza absoluta, da qual nada nos pode dar ideia, é o ponto de partida do fluido universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria tangível. Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro.”

Observemos a seguinte figura:


A figura acima tem a intenção didática de tentar distinguir os três estados mencionados nos textos acima, que são:
  • o ponto de pureza absoluta;
  • o estado intermediário (estado de eterização para o estado de materialização);
  • o ponto de tangibilidade.

Assim, tomando-se a faixa de coloração graduada como a representação do Fluido Cósmico Universal (modificado em infinitas variações), tentamos dar a visão do estado etéreo, ou fluídico, e o de materialização ou de ponderabilidade. E, embora não seja uma transformação brusca, assinalamos o ponto intermediário para ilustrar quando a matéria etérea ou fluido, passa para o estado tangível, ou ponderável.

Para concluirmos a questão de qual a natureza do perispírito, Allan Kardec, ainda no mesmo capítulo XIV de A gênese, nos presenteia com a seguinte reflexão:

"7. O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma. Já vimos que também o corpo carnal tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm, pois, origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes."

De posse dessa valiosa informação e tendo acima a figura orientativa dos estados do fluido cósmico universal, indagamos: onde situaríamos o perispírito na nossa faixa representativa do fluido cósmico universal? Vejamos a figura abaixo:

Enfim, embora ainda não tenhamos informações científicas para caracterizar a matéria fluídica do perispírito, podemos fazer uma ideia bem menos abstrata da sua natureza.

A nossa reflexão agora se depara com outro questionamento:


2. COMO SE FORMA O PERISPÍRITO?

“94. De onde tira o Espírito o seu envoltório semimaterial?
Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”
“a) – Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro?
É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos.”

A seguinte explicação de Kardec, ainda no mesmo capítulo XIV de A Gênese, carece de qualquer complemento. Vejamos:

"5.(...) Os fluidos mais próximos da materialidade, os menos puros, conseguintemente, compõem o que se pode chamar a atmosfera espiritual da Terra. É desse meio, onde igualmente vários são os graus de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados, deste planeta, haurem os elementos necessários à economia de suas existências. Por muito sutis e impalpáveis que nos sejam esses fluidos, não deixam por isso de ser de natureza grosseira, em comparação com os fluidos etéreos das regiões superiores."

Chamamos a atenção para o termo fluido grifado acima.
Kardec informa que os fluidos mais próximos à materialidade, ou seja, os mais próximos da matéria já no estado tangível, compõe o que se chama de atmosfera espiritual da Terra.  E que é desse fluido que os Espíritos retiram os elementos para formar o seu perispírito.
Ou seja, sendo esse fluido a matéria etérea, a atmosfera espiritual da Terra é formada de matéria etérea. A mesma matéria etérea que é formado o perispírito.

Segue outra representação da atmosfera espiritual da Terra, (não mais situando a sua natureza na faixa representativa do fluido cósmico, mas sim envolvendo a Terra).


                                                              As cores dos perispíritos é apenas uma representação didática 

3. ESTABELECER A RELAÇÃO DA NATUREZA DO PERISPÍRITO COM O ESTADO MORAL DO ESPÍRITO.

Sabemos que um dos princípios da Doutrina Espírita é a Pluralidade dos mundos habitados, ou seja, o Universo possui infinitos mundos onde vivem Espíritos encarnados e desencarnados. Assim, perguntamos: A atmosfera espiritual de todos os mundos é a mesma? Vejamos ainda em A Gênese, cap. XIV:

"8. Do meio onde se encontra é que o Espírito extrai o seu perispírito, isto é, esse envoltório ele o forma dos fluidos ambientes. Resulta daí que os elementos constitutivos do perispírito naturalmente variam, conforme os mundos. Dando-se Júpiter como orbe muito adiantado em comparação com a Terra, como um orbe onde a vida corpórea não apresenta a materialidade da nossa, os envoltórios perispirituais hão de ser lá de natureza muito mais quintessenciada do que aqui. Ora, assim como não poderíamos existir naquele mundo com o nosso corpo carnal, também os nossos Espíritos não poderiam nele penetrar com o perispírito terrestre que os reveste. Emigrando da Terra, o Espírito deixa aí o seu invólucro fluídico e toma outro apropriado ao mundo onde vai habitar."

Que informações extraordinárias! Quais deduções fazemos? Exatamente as que estão neste próximo texto:

"9. A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. Alguns há, portanto, cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio.

"Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e, até encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado ao meio em que se encontrem. Fazem como o nobre que despe temporariamente suas vestes, para envergar os trajes plebeus, sem deixar por isso de ser nobre.

 "10. (...) Os Espíritos chamados a viver naquele meio tiram dele seus perispíritos; porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna."

Na figura acima, as cores dos perispíritos é uma representação didática para mostrar que, mesmo sendo todos formados do mesmo meio, eles variam conforme a evolução moral de cada Espírito.

Concluímos esse texto com a explicação seguinte, que encerra a sabedoria divina, leis que regulam em harmonia esse Universo infinito:

"10. (...) Resulta disso este fato capital: a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo já não se dá com o corpo carnal, que, como foi demonstrado, se forma dos mesmos elementos, qualquer que seja a superioridade ou a inferioridade do Espírito. Por isso, em todos, são os mesmos os efeitos que o corpo produz, semelhantes as necessidades, ao passo que diferem em tudo o que respeita ao perispírito.

Também resulta que: o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas desse mundo."

 

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Ver este texto também em Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.  O Livro dos Espíritos
2.  A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo
 

Sugestões de Materiais Complementares

7 - Origem, Forma, Perispírito - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - SEGUNDA PARTE – com Cosme Massi

 

O perispírito - Seminário com Cosme Massi


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[1] Todos os grifos são nossos.