Objetivos específicos:
1. Saber o que é
sonambulismo;
2. Diferenciar
sonambulismo de sonho;
3. Diferenciar sonambulismo
natural do magnético;
4. Entender o que
ocorre com o corpo durante o sonambulismo;
5.
Compreender sobre a visão e o saber dos sonâmbulos;
Conteúdo:
Outra forma interessante que a alma tem de se emancipar é através
do sonambulismo.
Segue o
conceito de sonambulismo escrito por Allan Kardec:
Instruções práticas sobre as manifestações espíritas > Vocabulário
espírita > Sonambulismo
SONAMBULISMO – do lat.
somnus, o sono e ambulare, andar, passear. Estado de emancipação da alma mais
completo do que no sonho. (Vide Sonho). O sonho é um sonambulismo imperfeito. No
sonambulismo a lucidez[ da alma, isto é, a sua faculdade de ver,
que é um dos atributos de sua natureza, é mais desenvolvida: ela vê as
coisas com mais precisão e clareza; o corpo pode agir sob o impulso da
vontade da alma. O esquecimento absoluto no momento de despertar é um
dos sinais característicos do verdadeiro sonambulismo, porque a
independência da alma e do corpo é mais completa do que no sonho.
No conceito acima, além da definição sobre sonambulismo, Allan
Kardec fornece diferenças básicas de emancipações da alma através do sono e do
sonambulismo.
Assim, mediante o texto acima, destacamos:
1. A faculdade que a alma tem de ver durante o
sonambulismo é mais desenvolvida do que no sonho comum;
2. O
corpo pode agir conforme a vontade da alma durante o sonambulismo;
3. No sonambulismo o esquecimento do que a alma vivenciou
é absoluto quando se acorda.
Allan Kardec também aborda sobre algumas características do
sonambulismo no comentário que faz na questão 425 de O Livro dos Espíritos:
“No sonambulismo, o Espírito está na posse plena de si
mesmo. Os órgãos materiais, achando-se de certa forma em estado de catalepsia,
deixam de receber as impressões exteriores. Esse estado se apresenta
principalmente durante o sono, ocasião em que o Espírito pode abandonar
provisoriamente o corpo, por se encontrar este gozando do repouso indispensável
à matéria. Quando se produzem os fatos do sonambulismo, é que o Espírito,
preocupado com uma coisa ou outra, se aplica a uma ação qualquer, para cuja
prática necessita de utilizar-se do corpo.
Nos
sonhos de que se tem consciência, os órgãos, inclusive os da memória, começam a
despertar. Recebem imperfeitamente as impressões
produzidas por objetos ou causas externas e as comunicam ao Espírito, que,
então, também em repouso, só experimenta, do que lhe é transmitido, sensações
confusas e, amiúde, desordenadas, sem nenhuma aparente razão de ser, mescladas, que se apresentam de vagas recordações, quer da existência atual, quer de
anteriores. Facilmente, portanto, se compreende por que os sonâmbulos nenhuma lembrança guarda do que se passou
enquanto estiveram no estado de sonambulismo, e porque os sonhos de que se conserva memória
as mais das vezes não têm sentido. Digo as mais das vezes, porque também sucede
serem a consequência de lembrança exata de acontecimentos de uma vida anterior
e até, em certos casos, uma espécie de intuição do futuro.”
Bastante esclarecedor o comentário de Kardec, ao explicar
que a lembrança dos sonhos só é possível quando os órgãos recebem, mesmo
imperfeitamente, impressões exteriores, impressões estas que só acontecem
quando o corpo começa a despertar, portanto não estando mais em estado de
sonambulismo, pois este só se dá quando os órgãos estão como que catalépticos.
Kardec questionou aos Espíritos o que possibilita que a
clarividência sonambúlica seja mais ou menos desenvolvida em algumas pessoas:
“433. O desenvolvimento maior ou menor da
clarividência sonambúlica depende da organização física, ou só da natureza do
Espírito encarnado?
De uma e outra. Há disposições físicas que
permitem ao Espírito desprender-se mais ou menos facilmente da matéria.”
A mesma ideia aqui desenvolvida é trazida na seguinte questão:
"455. Os fenômenos do sonambulismo natural se produzem
espontaneamente e independem de qualquer causa exterior conhecida. Mas, em certas
pessoas dotadas de especial organização física, podem ser provocados
artificialmente, pela ação do agente magnético."
Temos duas importantes informações nas respostas das
questões 433 e 455 acima.
- A primeira é que existe algo determinante na organização física do
sonâmbulo que possibilita o Espírito (alma + perispírito) se desprender mais
facilmente da matéria, além da gradação da clarividência sonambúlica, conforme
a própria pergunta de Kardec.
- A segunda é que, como também acontece na catalepsia,
o sonambulismo pode ser natural ou também pode ser provocado artificialmente
através do magnetismo.
Vejamos as definições dessas duas formas de sonambulismo:
- "Sonambulismo
natural, o que é espontâneo e se produz sem provocação e sem a influência
de um agente exterior.”
- "Sonambulismo
magnético ou artificial é aquele que é provocado pela ação que uma pessoa
exerce sobre outra, por meio do fluido magnético que derrama sobre esta.”
Inicialmente estudaremos o sonambulismo natural:
“425. O sonambulismo natural tem alguma relação
com os sonhos? Como explicá-lo?
É um estado de independência da alma mais
completo do que o do sonho. Quando nele, suas faculdades adquirem maior
amplitude. A alma tem então percepções de que não dispõe no sonho, que é
um estado de sonambulismo imperfeito.”
Nas Revistas Espíritas escritas por Kardec, encontramos
várias comunicações e casos sobre sonambulismo espontâneo, como o da Senhorita
Julia, SenhorMorin, Sr.
T..., que recomendamos a leitura
integral dos relatos, devido a riqueza das observações feitas por Kardec.
Em um dos casos recomendados acima, vamos ver o sonâmbulo Sr.
Morin transcrevendo ideias de um Espírito, o que Kardec veio a denominar de sonambulismo
mediúnico, que abordaremos no próximo texto [
Outra observação é que o sonambulismo espontâneo pode ser
provocado pelos Espíritos, como está claro no caso do Sr. T., citado acima.
A leitura sequenciada das Revistas Espíritas
dará ao estudioso da Doutrina Espírita a oportunidade de ler outros
interessantes relatos a respeito do sonambulismo espontâneo.
Vejamos agora algumas questões acerca do sonambulismo
magnético:
426. O chamado sonambulismo magnético tem alguma
relação com o sonambulismo natural?
“É a mesma coisa, com a diferença de ser
provocado.”
Na definição do sonambulismo magnético vimos que este acontece através do
fluido magnético de uma pessoa sobre a outra. Kardec então pergunta:
427. De que natureza é o agente que se chama
fluido magnético?
“Fluido vital, eletricidade animalizada,
que são modificações do fluido universal.”
Ou seja, a magnetização é feita através do fluido vital, ou
animalizado, encontrado nos Espíritos encarnados.
É necessário lembrar que, como já vimos acima, os Espíritos
também podem provocar o sonambulismo, contudo, Kardec classifica este como
espontâneo.
Continuemos com outras informações sobre sonambulismo:
O sonâmbulo faz contato com encarnados?
“No estado de desprendimento em que fica
colocado, o Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com os
outros Espíritos encarnados, ou não encarnados, comunicação que se
estabelece pelo contato dos fluidos que compõem os perispíritos e servem de
transmissão ao pensamento, como o fio elétrico. O sonâmbulo não precisa,
portanto, que se lhe exprimam os pensamentos por meio da palavra articulada.
Ele os sente e adivinha.”
Os sonâmbulos respondem a tudo? Tem conhecimentos
ilimitados?
Continuemos com a questão 455 de O Livro dos Espíritos:
“O poder da lucidez sonambúlica não é ilimitado. O
Espírito, mesmo quando completamente livre, tem restringidos seus conhecimentos
e faculdades conforme o grau de perfeição que haja alcançado.”
Vejamos algumas questões a respeito do que os sonâmbulos veem:
O sonambulo vê com os olhos do corpo?
“428. Qual a causa da clarividência sonambúlica?
Já o dissemos: é a alma que vê.”
“432. Como se explica a visão à distância em
certos sonâmbulos?
Durante o sono, a alma não se transporta? O mesmo
se dá no sonambulismo.”
“429. Como pode o sonâmbulo ver através dos
corpos opacos?
Não há corpos opacos senão para os vossos
grosseiros órgãos. Já precedentemente não dissemos que a matéria nenhum
obstáculo oferece ao Espírito, que livremente a atravessa? Frequentemente ouvis
o sonâmbulo dizer que vê pela fronte, pelo joelho, etc., porque, achando-vos
inteiramente presos à matéria, não compreendeis lhe seja possível ver sem o
auxílio dos órgãos. Ele próprio, pelo desejo que manifestais, julga precisar
dos órgãos. Se, porém, o deixásseis livre, compreenderia que vê por todas as
partes do seu corpo, ou, melhor falando, que vê de fora do seu corpo.”
Qual o alcance da visão dos sonâmbulos?
De uma causa única se
originam a clarividência do sonâmbulo magnético e a do sonâmbulo natural. É um
atributo da alma, uma faculdade inerente a todas as partes do ser incorpóreo
que existe em nós e cujos limites não são outros senão os da própria alma. O
sonâmbulo vê em todos os lugares aonde sua alma possa transportar-se, qualquer
que seja a distância.
Sobre ver outros Espíritos:
“435. Pode o sonâmbulo ver os outros Espíritos?
A maioria deles os vê muito bem, dependendo do
grau e da natureza da lucidez de cada um. Algumas vezes, porém, não percebem no
primeiro momento que estão vendo Espíritos, e os tomam por seres corpóreos.
Isso acontece principalmente aos que, nada conhecendo do Espiritismo, ainda não
compreendem a essência dos Espíritos. O fato os espanta e os faz supor que têm
diante da vista seres encarnados.”
E finaliza as questões sobre o que os sonâmbulos veem com a
seguinte pergunta:
“436. O sonâmbulo que vê à distância, vê do
ponto em que se acha o seu corpo, ou do em que está sua alma?
Por que esta pergunta, uma vez que sabes ser a
alma que vê, e não o corpo?”
Continuaremos esse estudo no texto: Sonambulismo - 2ª parte
____________________________________________
Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK
Obras
utilizadas:
1.
Instruções
práticas sobre as manifestações espíritas
2.
O
Livro dos Espíritos
3.
O
Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores
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