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QUADRO RESUMO SOBRE OBSESSÃO/POSSESSÃO


 

 Quadro resumo baseado em 
 O LIVRO DOS MÉDIUNS, REVISTAS ESPÍRITAS e A GÊNESE: 
 


NOTA:

Algumas pessoas podem achar estranho a coluna que se refere à POSSESSÃO. Por esse motivo colocamos abaixo um link que dá acesso a um texto escrito por Allan Kardec, que se encontra na Revista Espírita de dez/1863, em que ele reconhece o fenômeno e cita dois casos para atestar e distinguir a possessão como faculdade mediúnica e a possessão como obsessão.
 
O primeiro caso é um exemplo simples da mediunidade de possessão ou, como muitos a designam, INCORPORAÇÃO. O segundo é um caso de obsessão por possessão.
 
O que distingue cada um deles? 
No primeiro, o Espírito que se comunica usa todo o corpo da médium para demonstrar sua identidade, suas emoções. É o que acontece frequentemente quando vemos médiuns assumirem a postura e gestos corporais do Espírito que se comunica, alterando a voz e, algumas vezes, mudando a aparência, caso haja o fenômeno da Transfiguração. Age apenas com o objetivo de se comunicar.
 
No segundo o Espírito age por ódio ou vingança e constrange a pessoa, dominando-a, com intenção de prejudicar. É a possessão por obsessão.

Segue o link da KARDECPEDIA onde se encontra o texto mencionado com os exemplos citados:

https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/897/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1863/5520/dezembro/um-caso-de-possessao-senhorita-julia

Obs.: Existem outros casos de POSSESSÃO nas Revistas Espíritas, de Allan Kardec. Basta fazer buscas na KARDECPEDIA.


 








ATRIBUTOS DO ESPÍRITO

 

 Os Atributos do Espírito podem ser compreendidos a partir dos Atributos de Deus, que estão listados em o Livro A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Capítulo II — Deus > Da natureza divina [1], e que transcrevemos aqui.

Trazemos também alguns textos, retirados das obras fundamentais do Espiritismo (escritas por Allan Kardec), para ilustrar, de forma sintética, os Atributos do Espírito em relação aos atributos de Deus.

 

1.     Deus é a suprema e soberana inteligência.     

“É limitada a inteligência do homem, pois que não pode fazer, nem compreender tudo o que existe. A de Deus, abrangendo o infinito, tem que ser infinita. Se a supuséssemos limitada num ponto qualquer, poderíamos conceber outro ser mais inteligente, capaz de compreender e fazer o que o primeiro não faria e assim por diante, até ao infinito.”

Ø     O Espírito é inteligente.

“76. Que definição se pode dar dos Espíritos? “Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação.”[2]

 “79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?

Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material.”[3]

 "A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência.[4]

 

Obs.: Deus é a soberana inteligência. Os Espíritos desenvolvem a inteligência que Deus lhes deu.

 

2.     Deus é eterno.

“Isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus. Se lhe supuséssemos um começo ou fim, poderíamos conceber uma entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver, e assim por diante, ao infinito.”

Ø      O Espírito é imortal

81. Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns dos outros?
Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela sua vontade.

 “A morte, portanto, não passa da destruição do grosseiro envoltório do Espírito: só morre o corpo, o Espírito não morre.”[5]

“83. Os Espíritos têm fim?
“(...) Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim.”[6]
 

Obs.:  Os Espíritos têm início, que é o momento em que Deus os cria, mas não terão fim. São imortais.

 

03. Deus é imutável.

“Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o universo.”

Ø     O Espírito é mutável

“Há duas espécies de progresso, que uma a outra se prestam mútuo apoio: (...) o progresso intelectual e o progresso moral.”[7]

À medida que progride moralmente, o Espírito se desmaterializa, isto é, depura-­se, com o subtrair­-se à influência da matéria; sua vida se espiritualiza, suas faculdades e percepções se ampliam; sua felicidade se torna proporcional ao progresso realizado.”

Obs.: Os Espíritos mudam incessantemente no sentido que o Espírito progride intelectual e moralmente até atingirem o estado de Espírito puro.

 

04. Deus é imaterial.

“A sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito às transformações da matéria. Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria.”

Ø      O Espírito é imaterial.

“3. O Espírito propriamente dito é o princípio inteligente; sua natureza íntima nos é desconhecida; para nós ele é imaterial, porque não tem nenhuma analogia com o que chamamos matéria.”[8]

Obs.: Conforme os itens 1 e 4 acima, e sendo Deus o criador do Espírito, poderíamos, talvez, relacionar à frase constante nas Escrituras que “Deus criou o homem à sua semelhança” à proposição que “Deus criou o ESPÍRITO à sua semelhança”?

 

05. Deus é único.

“A unicidade de Deus é consequência do fato de serem infinitas as suas perfeições. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse entre eles a mais ligeira diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então, não seria Deus. Se houvesse entre ambos igualdade absoluta, isso equivaleria a existir, de toda eternidade, um mesmo pensamento, uma mesma vontade, um mesmo poder. Confundidos assim, quanto à identidade, não haveria, em realidade, mais que um único Deus. Se cada um tivesse atribuições especiais, um não faria o que o outro fizesse; mas, então, não existiria igualdade perfeita entre eles, pois que nenhum possuiria a autoridade soberana.”

Ø     OS Espíritos são inumeráveis

“Deus há criado, desde toda a eternidade, seres espirituais. (...) Progredir é condição normal dos seres espirituais e a perfeição relativa o fim que lhes cumpre alcançar. Ora, havendo Deus criado desde toda a eternidade, e criando incessantemente, também desde toda a eternidade tem havido seres que atingiram o ponto culminante da escala.”[9]

Obs.: É infinito o número de Espíritos no Universo, em todos os níveis de evolução.

 

06. Deus é onipotente.

“Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.”

Ø O Espírito não é onipotente.

“Os Espíritos puros são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gratíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.”

Obs.: Por serem os Espíritos inumeráveis, mesmo aqueles que atingiram o grau máximo de perfeição, não existe um que possua maior poder que outro. 

 

07. Deus é infinitamente perfeito.

“É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, faz-se mister que ele seja infinito em tudo. Sendo infinitos, os atributos de Deus não são suscetíveis nem de aumento, nem de diminuição, visto que do contrário não seriam infinitos e Deus não seria perfeito. Se lhe tirassem, a qualquer dos atributos, a mais mínima parcela, já não haveria Deus, pois que poderia existir um ser mais perfeito.”

Ø  O Espírito é perfectível.

“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, e para aproximá-los de si.”[10] 

“Deus criou-os (os Espíritos) perfectíveis; deu-lhes por objetivo a perfeição, e a bem-aventurança que é sua consequência, mas não lhes deu a perfeição; quis que eles a devessem a seu trabalho pessoal, a fim de que tivessem esse mérito. Desde o instante de sua formação eles progridem, quer no estado de encarnação, quer no estado espiritual; chegados ao apogeu, são puros Espíritos, ou anjos segundo a denominação vulgar; de sorte que, desde o embrião do ser inteligente até o anjo, há uma cadeia ininterrupta da qual cada elo marca um grau no progresso. [11]

Obs.: Os Espíritos são criados sem nenhum saber e sem nenhuma virtude. Através de experiências em múltiplas encarnações eles vão progredindo em sabedoria e moralidade até se tornarem perfeitos, ou puros.

 

08. Deus é soberanamente justo e bom.

“A providencial sabedoria das leis divinas se revela nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria que se duvide da sua justiça, nem da sua bondade. O fato do ser infinita uma qualidade, exclui a possibilidade de uma qualidade contrária, porque esta a apoucaria ou anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela de malignidade, nem o ser infinitamente mau conter a mais insignificante parcela de bondade, do mesmo modo que um objeto não pode ser de um negro absoluto, com a mais ligeira nuança de branco, nem de um branco absoluto com a mais pequenina mancha preta. Deus, pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque então, não possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não seria Deus; todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma haveria estabilidade. Não poderia ele, por conseguinte, deixar de ser ou infinitamente bom ou infinitamente mau. Ora, como suas obras dão testemunho da sua sabedoria, da sua bondade e da sua solicitude, concluir-se-á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar de ser Deus, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom. A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em consequência, já não seria soberanamente bom.”

Obs.: Mesmo os Espíritos puros sendo justos e bons, só Deus é SOBERANAMENTE justo e bom. O próprio Espírito puro, Jesus, quando aqui esteve entre nós disse em resposta ao Mancebo rico: “2. Então, aproximou-se dele um mancebo e disse: Bom mestre, que bem devo fazer para adquirir a vida eterna? – Respondeu Jesus: Por que me chamas bom? Bom, só Deus o é.”[12]



 

SONAMBULISMO - 1ª parte

 

Objetivos específicos:

1. Saber o que é sonambulismo;

2. Diferenciar sonambulismo de sonho;

3. Diferenciar sonambulismo natural do magnético;

4. Entender o que ocorre com o corpo durante o sonambulismo;

5. Compreender sobre a visão e o saber dos sonâmbulos;

                                  

Conteúdo:

Outra forma interessante que a alma tem de se emancipar é através do sonambulismo.

Segue o conceito de sonambulismo escrito por Allan Kardec:

         Instruções práticas sobre as manifestações espíritas > Vocabulário espírita > Sonambulismo

SONAMBULISMO – do lat. somnus, o sono e ambulare, andar, passear. Estado de emancipação da alma mais completo do que no sonho. (Vide Sonho). O sonho é um sonambulismo imperfeito. No sonambulismo a lucidez[1] da alma, isto é, a sua faculdade de ver[2], que é um dos atributos de sua natureza, é mais desenvolvida: ela vê as coisas com mais precisão e clareza; o corpo pode agir sob o impulso da vontade da alma. O esquecimento absoluto no momento de despertar é um dos sinais característicos do verdadeiro sonambulismo, porque a independência da alma e do corpo é mais completa do que no sonho.

No conceito acima, além da definição sobre sonambulismo, Allan Kardec fornece diferenças básicas de emancipações da alma através do sono e do sonambulismo.

Assim, mediante o texto acima, destacamos:

1.   A faculdade que a alma tem de ver durante o sonambulismo é mais desenvolvida do que no sonho comum;
2.   O corpo pode agir conforme a vontade da alma durante o sonambulismo;
3.   No sonambulismo o esquecimento do que a alma vivenciou é absoluto quando se acorda.

Allan Kardec também aborda sobre algumas características do sonambulismo no comentário que faz na questão 425 de O Livro dos Espíritos:

“No sonambulismo, o Espírito está na posse plena de si mesmo. Os órgãos materiais, achando-se de certa forma em estado de catalepsia, deixam de receber as impressões exteriores. Esse estado se apresenta principalmente durante o sono, ocasião em que o Espírito pode abandonar provisoriamente o corpo, por se encontrar este gozando do repouso indispensável à matéria. Quando se produzem os fatos do sonambulismo, é que o Espírito, preocupado com uma coisa ou outra, se aplica a uma ação qualquer, para cuja prática necessita de utilizar-se do corpo.
Nos sonhos de que se tem consciência, os órgãos, inclusive os da memória, começam a despertar. Recebem imperfeitamente as impressões produzidas por objetos ou causas externas e as comunicam ao Espírito, que, então, também em repouso, só experimenta, do que lhe é transmitido, sensações confusas e, amiúde, desordenadas, sem nenhuma aparente razão de ser, mescladas, que se apresentam de vagas recordações, quer da existência atual, quer de anteriores. Facilmente, portanto, se compreende por que os sonâmbulos nenhuma lembrança guarda do que se passou enquanto estiveram no estado de sonambulismo, e porque os sonhos de que se conserva memória as mais das vezes não têm sentido. Digo as mais das vezes, porque também sucede serem a consequência de lembrança exata de acontecimentos de uma vida anterior e até, em certos casos, uma espécie de intuição do futuro.”

Bastante esclarecedor o comentário de Kardec, ao explicar que a lembrança dos sonhos só é possível quando os órgãos recebem, mesmo imperfeitamente, impressões exteriores, impressões estas que só acontecem quando o corpo começa a despertar, portanto não estando mais em estado de sonambulismo, pois este só se dá quando os órgãos estão como que catalépticos.

Kardec questionou aos Espíritos o que possibilita que a clarividência sonambúlica seja mais ou menos desenvolvida em algumas pessoas:

“433. O desenvolvimento maior ou menor da clarividência sonambúlica depende da organização física, ou só da natureza do Espírito encarnado?

De uma e outra. Há disposições físicas que permitem ao Espírito desprender-se mais ou menos facilmente da matéria.”

A mesma ideia aqui desenvolvida é trazida na seguinte questão:

"455. Os fenômenos do sonambulismo natural se produzem espontaneamente e independem de qualquer causa exterior conhecida. Mas, em certas pessoas dotadas de especial organização física, podem ser provocados artificialmente, pela ação do agente magnético."

Temos duas importantes informações nas respostas das questões 433 e 455 acima.

  1. A primeira é que existe algo determinante na organização física do sonâmbulo que possibilita o Espírito (alma + perispírito) se desprender mais facilmente da matéria, além da gradação da clarividência sonambúlica, conforme a própria pergunta de Kardec.
  2.  A segunda é que, como também acontece na catalepsia[3], o sonambulismo pode ser natural ou também pode ser provocado artificialmente através do magnetismo.

Vejamos as definições dessas duas formas de sonambulismo:

  • "Sonambulismo natural, o que é espontâneo e se produz sem provocação e sem a influência de um agente exterior.”
  • "Sonambulismo magnético ou artificial é aquele que é provocado pela ação que uma pessoa exerce sobre outra, por meio do fluido magnético que derrama sobre esta.”

Inicialmente estudaremos o sonambulismo natural:

“425. O sonambulismo natural tem alguma relação com os sonhos? Como explicá-lo?

É um estado de independência da alma mais completo do que o do sonho. Quando nele, suas faculdades adquirem maior amplitude. A alma tem então percepções de que não dispõe no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito.”

Nas Revistas Espíritas escritas por Kardec, encontramos várias comunicações e casos sobre sonambulismo espontâneo, como o da Senhorita Julia, SenhorMorin, Sr. T..., que recomendamos a leitura integral dos relatos, devido a riqueza das observações feitas por Kardec.

Em um dos casos recomendados acima, vamos ver o sonâmbulo Sr. Morin transcrevendo ideias de um Espírito, o que Kardec veio a denominar de sonambulismo mediúnico, que abordaremos no próximo texto [4]

Outra observação é que o sonambulismo espontâneo pode ser provocado pelos Espíritos, como está claro no caso do Sr. T., citado acima.

A leitura sequenciada das Revistas Espíritas[5] dará ao estudioso da Doutrina Espírita a oportunidade de ler outros interessantes relatos a respeito do sonambulismo espontâneo.  

Vejamos agora algumas questões acerca do sonambulismo magnético:

426. O chamado sonambulismo magnético tem alguma relação com o sonambulismo natural?

“É a mesma coisa, com a diferença de ser provocado.”

Na definição do sonambulismo magnético vimos que este acontece através do fluido magnético de uma pessoa sobre a outra. Kardec então pergunta:
427. De que natureza é o agente que se chama fluido magnético?

Fluido vital, eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal.”

Ou seja, a magnetização é feita através do fluido vital, ou animalizado, encontrado nos Espíritos encarnados.

É necessário lembrar que, como já vimos acima, os Espíritos também podem provocar o sonambulismo, contudo, Kardec classifica este como espontâneo.

Continuemos com outras informações sobre sonambulismo:

O sonâmbulo faz contato com encarnados?

“No estado de desprendimento em que fica colocado, o Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com os outros Espíritos encarnados, ou não encarnados, comunicação que se estabelece pelo contato dos fluidos que compõem os perispíritos e servem de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico. O sonâmbulo não precisa, portanto, que se lhe exprimam os pensamentos por meio da palavra articulada. Ele os sente e adivinha.”

Os sonâmbulos respondem a tudo? Tem conhecimentos ilimitados?

Continuemos com a questão 455 de O Livro dos Espíritos:

O poder da lucidez sonambúlica não é ilimitado. O Espírito, mesmo quando completamente livre, tem restringidos seus conhecimentos e faculdades conforme o grau de perfeição que haja alcançado.”

Vejamos algumas questões a respeito do que os sonâmbulos veem:

O sonambulo vê com os olhos do corpo?
“428. Qual a causa da clarividência sonambúlica?

Já o dissemos: é a alma que vê.”

“432. Como se explica a visão à distância em certos sonâmbulos?

Durante o sono, a alma não se transporta? O mesmo se dá no sonambulismo.”

“429. Como pode o sonâmbulo ver através dos corpos opacos?

Não há corpos opacos senão para os vossos grosseiros órgãos. Já precedentemente não dissemos que a matéria nenhum obstáculo oferece ao Espírito, que livremente a atravessa? Frequentemente ouvis o sonâmbulo dizer que vê pela fronte, pelo joelho, etc., porque, achando-vos inteiramente presos à matéria, não compreendeis lhe seja possível ver sem o auxílio dos órgãos. Ele próprio, pelo desejo que manifestais, julga precisar dos órgãos. Se, porém, o deixásseis livre, compreenderia que vê por todas as partes do seu corpo, ou, melhor falando, que vê de fora do seu corpo.”

Qual o alcance da visão dos sonâmbulos?

De uma causa única se originam a clarividência do sonâmbulo magnético e a do sonâmbulo natural. É um atributo da alma, uma faculdade inerente a todas as partes do ser incorpóreo que existe em nós e cujos limites não são outros senão os da própria alma. O sonâmbulo vê em todos os lugares aonde sua alma possa transportar-se, qualquer que seja a distância.

Sobre ver outros Espíritos:

“435. Pode o sonâmbulo ver os outros Espíritos?

A maioria deles os vê muito bem, dependendo do grau e da natureza da lucidez de cada um. Algumas vezes, porém, não percebem no primeiro momento que estão vendo Espíritos, e os tomam por seres corpóreos. Isso acontece principalmente aos que, nada conhecendo do Espiritismo, ainda não compreendem a essência dos Espíritos. O fato os espanta e os faz supor que têm diante da vista seres encarnados.”

E finaliza as questões sobre o que os sonâmbulos veem com a seguinte pergunta:

“436. O sonâmbulo que vê à distância, vê do ponto em que se acha o seu corpo, ou do em que está sua alma?

Por que esta pergunta, uma vez que sabes ser a alma que vê, e não o corpo?”

Continuaremos esse estudo no texto: Sonambulismo - 2ª parte


 ____________________________________________

Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.       Instruções práticas sobre as manifestações espíritas

2.       O Livro dos Espíritos

3.       O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores

 

 

 

Sugestões de Materiais Complementares

https://www.kardecplay.net/pt/video/48-sonambulismo

https://www.kardecplay.net/pt/video/51-resumo-teorico-do-sonambulismo-do-extase-e-da-segunda-vista

 



[1] “LUCIDEZ – Clarividência, faculdade de ver sem auxílio dos órgãos da visão. É uma faculdade inerente à natureza mesma da alma ou do Espírito, e que reside em todo o seu ser. Por isso, em todos os casos em que há emancipação da alma, o homem tem percepções independentes dos sentidos. No estado corpóreo normal a faculdade de ver é limitada pelos órgãos materiais; desprendida desse obstáculo, ela não mais se acha circunscrita; estende-se por toda a parte onde a alma exerce a sua ação. Tal é a causa da visão à distância, de que desfrutam certos sonâmbulos. Veem-se no próprio local que observam, ainda que a milhares de quilômetros, porque, se ali não se acha o corpo, a alma realmente está. Pode, pois, dizer-se que o sonâmbulo vê pela luz da alma. O vocábulo clarividência é mais geral. Lucidez se diz mais particularmente da clarividência sonambúlica. Um sonâmbulo é mais ou menos lúcido, conforme seja mais ou menos completa a emancipação da alma.” - https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/890/instrucoes-praticas-sobre-as-manifestacoes-espiritas/1270/vocabulario-espirita/sonambulismo

 [2] Todos os grifos são nossos

[3] Ver : OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA –  LETARGIA E CATALEPSIA

[4] Ver : OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA –  SONAMBULISMO 2ª parte

[5] Revistas Espíritas – escritas por Allan Kardec, durante os anos de 1858 a 1869. Ver www.kardecpedia.com

 

DUPLA VISTA

 

Objetivos

1.     Definir o que é segunda vista;

2.     Entender o que causa a segunda vista;

3.     Perceber como a segunda vista pode variar entre os indivíduos;

4.     Saber as características da segunda vista.


Conteúdo:

Uma das maneiras da alma se libertar, quando estamos encarnados é a denominada por Allan Kardec de Segunda vista ou Dupla Vista

Lembramos que essa libertação é apenas parcial visto que libertação total só ocorre quando o corpo morre. Por isso, Kardec denominou de estados de emancipação da alma, conforme explica no texto abaixo:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais > Vista espiritual ou psiquíca. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos > 23
“23. Embora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que não possa alongar a cadeia[1] que o prende e transportar-se a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço. Repugna ao Espírito estar ligado ao corpo, porque a sua vida normal é a de liberdade e a vida corporal é a do servo preso à gleba.”

No presente estudo, vamos trazer os textos da Doutrina Espírita escritos por Kardec, sobre a segunda vista ou dupla vista.

Na seguinte pergunta, Kardec questionou a respeito da relação entre as formas de emancipação da alma:

“447. O fenômeno a que se dá a designação de segunda vista[2] tem alguma relação com o sonho e o sonambulismo?

Tudo isso é uma só coisa. O que chamas segunda vista é ainda resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo seja adormecido. A segunda vista é a vista da alma.”

E assim Kardec definiu a segunda vista:

“VISTA (SEGUNDA) – Efeito da emancipação da alma, que se manifesta em estado de vigília. Faculdade de ver as coisas ausentes como se estivessem presentes. Os que são dotados dessa faculdade não veem pelos olhos, mas pela alma, que parece a imagem dos objetos em qualquer parte para onde se transporte e como que por uma espécie de miragem. Essa faculdade não é permanente: certas pessoas a possuem, mau grado seu; ela lhes parece um efeito natural e produz aquilo a que se chama visões.”

Essa característica de estar acordado e em emancipação, que é própria da segunda vista, é muito interessante! São visões que certas pessoas têm enquanto estão acordadas, apesar de quererem ou não e mesmo sem saberem que possuem.

O espiritismo descobriu a segunda vista?

“O sonambulismo natural e artificial, o êxtase e a segunda vista não passam de variedades ou modificações de uma mesma causa. Esses fenômenos, como os sonhos, estão na natureza. Tal a razão por que existiram em todos os tempos. A história mostra que foram sempre conhecidos e até explorados desde a mais remota antiguidade e neles se nos depara a explicação de uma imensidade de fatos que os preconceitos fizeram fossem tidos por sobrenaturais.”

Essas informações valiosas trazidas pelos Espíritos e tão bem explicadas por Allan Kardec nos possibilita entender fatos, situações e tantos enganos que ocorreram e ainda ocorrem em nossa humanidade terrestre. Kardec também disserta sobre isso:

“Estando em a Natureza, pois depende da constituição do Espírito, essa faculdade existiu, portanto, em todos os tempos; mas, como todos os efeitos cuja causa é desconhecida, a ignorância o atribuía a causas sobrenaturais. Os que a possuíam em grau eminente e podiam dizer, saber e fazer coisas acima do alcance vulgar, ou eram acusados de pactuar com o diabo, qualificados de feiticeiros e queimados vivos, ou foram beatificados, como tendo o dom dos milagres, quando, na realidade, tudo se reduzia à aplicação de uma lei natural.”

Embora sabendo que a emancipação da alma seja uma lei da natureza, pois que o Espírito sempre está ativo e deseja estar livre, e que é pelo perispírito que a alma vê, a segunda vista acontece para todas as pessoas? É espontânea ou podemos provocá-la? É igual ou diferente entre as pessoas? Vejamos:

“Essa faculdade, muito mais comum do que se pensa, apresenta-se com graus de intensidade e aspectos muito diversos, conforme os indivíduos: nuns ela se manifesta pela percepção permanente ou acidental, mais ou menos clara, das coisas afastadas; noutros, pela simples intuição dessas mesmas coisas; noutros, enfim, pela transmissão do pensamento. É notável que muitos a possuem sem suspeitá-lo, e sobretudo sem se darem conta, pois ela é inerente ao seu ser, e lhes parece tão natural como ver pelos olhos; muitas vezes, mesmo, confundem essas duas percepções. Se se lhes pergunta como veem, a maior parte do tempo não sabem explicar melhor do que explicariam o mecanismo da visão ordinária.”

Como segunda vista é inerente ao ser, ou seja, existem pessoas que já nascem com essa faculdade, ela se manifesta espontaneamente?

“449. A segunda vista desenvolve-se espontaneamente ou por efeito da vontade de quem a possui como faculdade?

As mais das vezes é espontânea, porém com frequência também a vontade desempenha importante papel no seu desenvolvimento. Toma, para exemplo, de umas dessas pessoas a quem se dá o nome de ledoras de sorte, algumas das quais dispõem desse poder, e verás que é a vontade que as auxilia a entrar no estado de segunda vista e no que chamas visão.”

“450. A segunda vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?
Sim, do trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação do véu que encobre as coisas.”

Observemos que Kardec e os Espíritos falam em “desenvolver”. Desenvolver algo que existe, e não provocar a sua existência.

Continuamos com a mesma questão 450:

“450.a.  Esta faculdade tem alguma ligação com a organização física?

Incontestavelmente, o organismo influi para a sua existência. Há organismos que lhe são refratários.”

Essa mesma informação foi dada pelos Espíritos quando Kardec escreveu sobre o sonambulismo[3], ou seja, que essas faculdades existem conforme uma disposição orgânica, isto é, que depende do organismo. Por isso, só é passível de ser desenvolvida em quem possua essa condição no seu organismo.

Mediante a informação de que a faculdade da dupla vista depende do organismo, e, baseado em suas observações e experiências, natural é que Kardec questione sobre a hereditariedade da referida faculdade:

Por semelhança do organismo, que se transmite como as outras qualidades físicas. Depois, a faculdade se desenvolve por uma espécie de educação, que também se transmite de um a outro.”

Vejamos agora como acontece a segunda vista:

“É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, frequentemente a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica.

O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam: o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.”

Podemos entender que, como o Espírito vê por todo o seu perispírito, basta que o seu perispírito se irradie para que o Espírito possa ver o que se encontra distante do corpo físico.

Ainda sobre como ocorre a segunda vista:

“A visão espiritual é, na realidade, o sexto sentido ou sentido espiritual, de que tanto se falou e que, como os outros sentidos, pode ser mais ou menos obtuso ou sutil. Ele tem como agente o fluido perispiritual, como a visão física tem por agente o fluído luminoso. Assim como a irradiação do fluído luminoso leva a imagem dos objetos à retina, a irradiação do fluido perispiritual traz à alma certas imagens e certas impressões.”

E a explicação para um fato curioso:

“Na dupla vista ou percepção pelo sentido psíquico, ele não vê com os olhos do corpo, embora, muitas vezes, por hábito, dirija o olhar para o ponto que lhe chama a atenção. Vê com os olhos da alma e a prova está em que vê perfeitamente bem com os olhos fechados e vê o que está muito além do alcance do raio visual.”

Vejamos outro questionamento muito interessante:

A moléstia, a proximidade do perigo, uma grande comoção podem desenvolvê-la. O corpo, às vezes, vem a achar-se num estado especial que faculta ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos carnais.”

Comentário de Allan Kardec a esta questão:

“Nas épocas de crises e de calamidades, as grandes emoções, todas as causas, enfim, de superexcitação do moral provocam às vezes o desenvolvimento da segunda vista. Parece que a Providência, quando um perigo nos ameaça, nos dá o meio de conjurá-lo. Todas as seitas e partidos perseguidos oferecem múltiplos exemplos desse fato.”

A pessoa que tem uma visão pela dupla vista lembra do que viu depois que a visão cessa?

Nem sempre. Consideram isso coisa perfeitamente natural e muitos creem que, se cada um observasse o que se passa consigo, todos verificariam que são como eles.”

“454. Poder-se-ia atribuir a uma espécie de segunda vista a perspicácia de algumas pessoas que, sem nada apresentarem de extraordinário, apreciam as coisas com mais precisão do que outras?

É sempre a alma a irradiar mais livremente e a apreciar melhor do que sob o véu da matéria.”

 “a) – Pode essa faculdade, em alguns casos, dar a presciência das coisas?

Pode. Também dá os pressentimentos, pois que muitos são os graus em que ela existe, sendo possível que num mesmo indivíduo exista em todos os graus, ou em alguns somente.”

Estando a pessoa acordada (em vigília), o que ocorre com ela quando a segunda vista acontece?

“No momento em que o fenômeno da segunda vista se produz, o estado físico do indivíduo se acha sensivelmente modificado. O olhar apresenta alguma coisa de vago. Ele olha sem ver. Toda a sua fisionomia reflete uma como exaltação. Nota-se que os órgãos visuais se conservam alheios ao fenômeno, pelo fato de a visão persistir, malgrado a oclusão dos olhos.

Aos dotados desta faculdade ela se afigura tão natural, como a que todos temos de ver. (...) De ordinário, o esquecimento se segue a essa lucidez passageira, cuja lembrança, tornando-se cada vez mais vaga, acaba por desaparecer, como a de um sonho.

O poder da segunda vista varia, indo desde a sensação confusa até a percepção clara e nítida das coisas presentes ou ausentes. Quando rudimentar, confere a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma certa segurança nos atos, a que se pode dar o qualificativo de precisão de golpe de vista moral. Um pouco mais desenvolvida, desperta os pressentimentos. Mais desenvolvida ainda, mostra os acontecimentos que deram ou estão para dar-se.”

Recomendamos a leitura de alguns exemplos que Kardec nos oferece sobre a faculdade da dupla vista, como:

Visões, cortejo fúnebre dos tios, o roubo da taça pelos irmãos de José, dupla vista permanente em uma senhora, entrada de Jesus em Jerusalém, beijo de Judas, pesca milagrosa, vocação de Pedro, André, Tiago, João e Mateus.


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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.       O Livro dos Espíritos

2.       Instruções práticas sobre as manifestações espíritas

3.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

4.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo

 

 

 

Sugestões de Materiais Complementares




[1] A “cadeia” é uma metáfora em relação ao perispírito se encontrar ligado (unido) ao corpo durante a vida.

[2] Todos os grifos são nossos

[3] Ver OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA