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QUADRO RESUMO SOBRE OBSESSÃO/POSSESSÃO


 

 Quadro resumo baseado em 
 O LIVRO DOS MÉDIUNS, REVISTAS ESPÍRITAS e A GÊNESE: 
 


NOTA:

Algumas pessoas podem achar estranho a coluna que se refere à POSSESSÃO. Por esse motivo colocamos abaixo um link que dá acesso a um texto escrito por Allan Kardec, que se encontra na Revista Espírita de dez/1863, em que ele reconhece o fenômeno e cita dois casos para atestar e distinguir a possessão como faculdade mediúnica e a possessão como obsessão.
 
O primeiro caso é um exemplo simples da mediunidade de possessão ou, como muitos a designam, INCORPORAÇÃO. O segundo é um caso de obsessão por possessão.
 
O que distingue cada um deles? 
No primeiro, o Espírito que se comunica usa todo o corpo da médium para demonstrar sua identidade, suas emoções. É o que acontece frequentemente quando vemos médiuns assumirem a postura e gestos corporais do Espírito que se comunica, alterando a voz e, algumas vezes, mudando a aparência, caso haja o fenômeno da Transfiguração. Age apenas com o objetivo de se comunicar.
 
No segundo o Espírito age por ódio ou vingança e constrange a pessoa, dominando-a, com intenção de prejudicar. É a possessão por obsessão.

Segue o link da KARDECPEDIA onde se encontra o texto mencionado com os exemplos citados:

https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/897/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1863/5520/dezembro/um-caso-de-possessao-senhorita-julia

Obs.: Existem outros casos de POSSESSÃO nas Revistas Espíritas, de Allan Kardec. Basta fazer buscas na KARDECPEDIA.


 








ATRIBUTOS DO ESPÍRITO

 

 Os Atributos do Espírito podem ser compreendidos a partir dos Atributos de Deus, que estão listados em o Livro A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Capítulo II — Deus > Da natureza divina [1], e que transcrevemos aqui.

Trazemos também alguns textos, retirados das obras fundamentais do Espiritismo (escritas por Allan Kardec), para ilustrar, de forma sintética, os Atributos do Espírito em relação aos atributos de Deus.

 

1.     Deus é a suprema e soberana inteligência.     

“É limitada a inteligência do homem, pois que não pode fazer, nem compreender tudo o que existe. A de Deus, abrangendo o infinito, tem que ser infinita. Se a supuséssemos limitada num ponto qualquer, poderíamos conceber outro ser mais inteligente, capaz de compreender e fazer o que o primeiro não faria e assim por diante, até ao infinito.”

Ø     O Espírito é inteligente.

“76. Que definição se pode dar dos Espíritos? “Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação.”[2]

 “79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?

Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material.”[3]

 "A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência.[4]

 

Obs.: Deus é a soberana inteligência. Os Espíritos desenvolvem a inteligência que Deus lhes deu.

 

2.     Deus é eterno.

“Isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus. Se lhe supuséssemos um começo ou fim, poderíamos conceber uma entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver, e assim por diante, ao infinito.”

Ø      O Espírito é imortal

81. Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns dos outros?
Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela sua vontade.

 “A morte, portanto, não passa da destruição do grosseiro envoltório do Espírito: só morre o corpo, o Espírito não morre.”[5]

“83. Os Espíritos têm fim?
“(...) Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim.”[6]
 

Obs.:  Os Espíritos têm início, que é o momento em que Deus os cria, mas não terão fim. São imortais.

 

03. Deus é imutável.

“Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o universo.”

Ø     O Espírito é mutável

“Há duas espécies de progresso, que uma a outra se prestam mútuo apoio: (...) o progresso intelectual e o progresso moral.”[7]

À medida que progride moralmente, o Espírito se desmaterializa, isto é, depura-­se, com o subtrair­-se à influência da matéria; sua vida se espiritualiza, suas faculdades e percepções se ampliam; sua felicidade se torna proporcional ao progresso realizado.”

Obs.: Os Espíritos mudam incessantemente no sentido que o Espírito progride intelectual e moralmente até atingirem o estado de Espírito puro.

 

04. Deus é imaterial.

“A sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito às transformações da matéria. Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria.”

Ø      O Espírito é imaterial.

“3. O Espírito propriamente dito é o princípio inteligente; sua natureza íntima nos é desconhecida; para nós ele é imaterial, porque não tem nenhuma analogia com o que chamamos matéria.”[8]

Obs.: Conforme os itens 1 e 4 acima, e sendo Deus o criador do Espírito, poderíamos, talvez, relacionar à frase constante nas Escrituras que “Deus criou o homem à sua semelhança” à proposição que “Deus criou o ESPÍRITO à sua semelhança”?

 

05. Deus é único.

“A unicidade de Deus é consequência do fato de serem infinitas as suas perfeições. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse entre eles a mais ligeira diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então, não seria Deus. Se houvesse entre ambos igualdade absoluta, isso equivaleria a existir, de toda eternidade, um mesmo pensamento, uma mesma vontade, um mesmo poder. Confundidos assim, quanto à identidade, não haveria, em realidade, mais que um único Deus. Se cada um tivesse atribuições especiais, um não faria o que o outro fizesse; mas, então, não existiria igualdade perfeita entre eles, pois que nenhum possuiria a autoridade soberana.”

Ø     OS Espíritos são inumeráveis

“Deus há criado, desde toda a eternidade, seres espirituais. (...) Progredir é condição normal dos seres espirituais e a perfeição relativa o fim que lhes cumpre alcançar. Ora, havendo Deus criado desde toda a eternidade, e criando incessantemente, também desde toda a eternidade tem havido seres que atingiram o ponto culminante da escala.”[9]

Obs.: É infinito o número de Espíritos no Universo, em todos os níveis de evolução.

 

06. Deus é onipotente.

“Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.”

Ø O Espírito não é onipotente.

“Os Espíritos puros são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gratíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.”

Obs.: Por serem os Espíritos inumeráveis, mesmo aqueles que atingiram o grau máximo de perfeição, não existe um que possua maior poder que outro. 

 

07. Deus é infinitamente perfeito.

“É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, faz-se mister que ele seja infinito em tudo. Sendo infinitos, os atributos de Deus não são suscetíveis nem de aumento, nem de diminuição, visto que do contrário não seriam infinitos e Deus não seria perfeito. Se lhe tirassem, a qualquer dos atributos, a mais mínima parcela, já não haveria Deus, pois que poderia existir um ser mais perfeito.”

Ø  O Espírito é perfectível.

“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, e para aproximá-los de si.”[10] 

“Deus criou-os (os Espíritos) perfectíveis; deu-lhes por objetivo a perfeição, e a bem-aventurança que é sua consequência, mas não lhes deu a perfeição; quis que eles a devessem a seu trabalho pessoal, a fim de que tivessem esse mérito. Desde o instante de sua formação eles progridem, quer no estado de encarnação, quer no estado espiritual; chegados ao apogeu, são puros Espíritos, ou anjos segundo a denominação vulgar; de sorte que, desde o embrião do ser inteligente até o anjo, há uma cadeia ininterrupta da qual cada elo marca um grau no progresso. [11]

Obs.: Os Espíritos são criados sem nenhum saber e sem nenhuma virtude. Através de experiências em múltiplas encarnações eles vão progredindo em sabedoria e moralidade até se tornarem perfeitos, ou puros.

 

08. Deus é soberanamente justo e bom.

“A providencial sabedoria das leis divinas se revela nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria que se duvide da sua justiça, nem da sua bondade. O fato do ser infinita uma qualidade, exclui a possibilidade de uma qualidade contrária, porque esta a apoucaria ou anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela de malignidade, nem o ser infinitamente mau conter a mais insignificante parcela de bondade, do mesmo modo que um objeto não pode ser de um negro absoluto, com a mais ligeira nuança de branco, nem de um branco absoluto com a mais pequenina mancha preta. Deus, pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque então, não possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não seria Deus; todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma haveria estabilidade. Não poderia ele, por conseguinte, deixar de ser ou infinitamente bom ou infinitamente mau. Ora, como suas obras dão testemunho da sua sabedoria, da sua bondade e da sua solicitude, concluir-se-á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar de ser Deus, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom. A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em consequência, já não seria soberanamente bom.”

Obs.: Mesmo os Espíritos puros sendo justos e bons, só Deus é SOBERANAMENTE justo e bom. O próprio Espírito puro, Jesus, quando aqui esteve entre nós disse em resposta ao Mancebo rico: “2. Então, aproximou-se dele um mancebo e disse: Bom mestre, que bem devo fazer para adquirir a vida eterna? – Respondeu Jesus: Por que me chamas bom? Bom, só Deus o é.”[12]



 

DUPLA VISTA

 

Objetivos

1.     Definir o que é segunda vista;

2.     Entender o que causa a segunda vista;

3.     Perceber como a segunda vista pode variar entre os indivíduos;

4.     Saber as características da segunda vista.


Conteúdo:

Uma das maneiras da alma se libertar, quando estamos encarnados é a denominada por Allan Kardec de Segunda vista ou Dupla Vista

Lembramos que essa libertação é apenas parcial visto que libertação total só ocorre quando o corpo morre. Por isso, Kardec denominou de estados de emancipação da alma, conforme explica no texto abaixo:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais > Vista espiritual ou psiquíca. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos > 23
“23. Embora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que não possa alongar a cadeia[1] que o prende e transportar-se a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço. Repugna ao Espírito estar ligado ao corpo, porque a sua vida normal é a de liberdade e a vida corporal é a do servo preso à gleba.”

No presente estudo, vamos trazer os textos da Doutrina Espírita escritos por Kardec, sobre a segunda vista ou dupla vista.

Na seguinte pergunta, Kardec questionou a respeito da relação entre as formas de emancipação da alma:

“447. O fenômeno a que se dá a designação de segunda vista[2] tem alguma relação com o sonho e o sonambulismo?

Tudo isso é uma só coisa. O que chamas segunda vista é ainda resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo seja adormecido. A segunda vista é a vista da alma.”

E assim Kardec definiu a segunda vista:

“VISTA (SEGUNDA) – Efeito da emancipação da alma, que se manifesta em estado de vigília. Faculdade de ver as coisas ausentes como se estivessem presentes. Os que são dotados dessa faculdade não veem pelos olhos, mas pela alma, que parece a imagem dos objetos em qualquer parte para onde se transporte e como que por uma espécie de miragem. Essa faculdade não é permanente: certas pessoas a possuem, mau grado seu; ela lhes parece um efeito natural e produz aquilo a que se chama visões.”

Essa característica de estar acordado e em emancipação, que é própria da segunda vista, é muito interessante! São visões que certas pessoas têm enquanto estão acordadas, apesar de quererem ou não e mesmo sem saberem que possuem.

O espiritismo descobriu a segunda vista?

“O sonambulismo natural e artificial, o êxtase e a segunda vista não passam de variedades ou modificações de uma mesma causa. Esses fenômenos, como os sonhos, estão na natureza. Tal a razão por que existiram em todos os tempos. A história mostra que foram sempre conhecidos e até explorados desde a mais remota antiguidade e neles se nos depara a explicação de uma imensidade de fatos que os preconceitos fizeram fossem tidos por sobrenaturais.”

Essas informações valiosas trazidas pelos Espíritos e tão bem explicadas por Allan Kardec nos possibilita entender fatos, situações e tantos enganos que ocorreram e ainda ocorrem em nossa humanidade terrestre. Kardec também disserta sobre isso:

“Estando em a Natureza, pois depende da constituição do Espírito, essa faculdade existiu, portanto, em todos os tempos; mas, como todos os efeitos cuja causa é desconhecida, a ignorância o atribuía a causas sobrenaturais. Os que a possuíam em grau eminente e podiam dizer, saber e fazer coisas acima do alcance vulgar, ou eram acusados de pactuar com o diabo, qualificados de feiticeiros e queimados vivos, ou foram beatificados, como tendo o dom dos milagres, quando, na realidade, tudo se reduzia à aplicação de uma lei natural.”

Embora sabendo que a emancipação da alma seja uma lei da natureza, pois que o Espírito sempre está ativo e deseja estar livre, e que é pelo perispírito que a alma vê, a segunda vista acontece para todas as pessoas? É espontânea ou podemos provocá-la? É igual ou diferente entre as pessoas? Vejamos:

“Essa faculdade, muito mais comum do que se pensa, apresenta-se com graus de intensidade e aspectos muito diversos, conforme os indivíduos: nuns ela se manifesta pela percepção permanente ou acidental, mais ou menos clara, das coisas afastadas; noutros, pela simples intuição dessas mesmas coisas; noutros, enfim, pela transmissão do pensamento. É notável que muitos a possuem sem suspeitá-lo, e sobretudo sem se darem conta, pois ela é inerente ao seu ser, e lhes parece tão natural como ver pelos olhos; muitas vezes, mesmo, confundem essas duas percepções. Se se lhes pergunta como veem, a maior parte do tempo não sabem explicar melhor do que explicariam o mecanismo da visão ordinária.”

Como segunda vista é inerente ao ser, ou seja, existem pessoas que já nascem com essa faculdade, ela se manifesta espontaneamente?

“449. A segunda vista desenvolve-se espontaneamente ou por efeito da vontade de quem a possui como faculdade?

As mais das vezes é espontânea, porém com frequência também a vontade desempenha importante papel no seu desenvolvimento. Toma, para exemplo, de umas dessas pessoas a quem se dá o nome de ledoras de sorte, algumas das quais dispõem desse poder, e verás que é a vontade que as auxilia a entrar no estado de segunda vista e no que chamas visão.”

“450. A segunda vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?
Sim, do trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação do véu que encobre as coisas.”

Observemos que Kardec e os Espíritos falam em “desenvolver”. Desenvolver algo que existe, e não provocar a sua existência.

Continuamos com a mesma questão 450:

“450.a.  Esta faculdade tem alguma ligação com a organização física?

Incontestavelmente, o organismo influi para a sua existência. Há organismos que lhe são refratários.”

Essa mesma informação foi dada pelos Espíritos quando Kardec escreveu sobre o sonambulismo[3], ou seja, que essas faculdades existem conforme uma disposição orgânica, isto é, que depende do organismo. Por isso, só é passível de ser desenvolvida em quem possua essa condição no seu organismo.

Mediante a informação de que a faculdade da dupla vista depende do organismo, e, baseado em suas observações e experiências, natural é que Kardec questione sobre a hereditariedade da referida faculdade:

Por semelhança do organismo, que se transmite como as outras qualidades físicas. Depois, a faculdade se desenvolve por uma espécie de educação, que também se transmite de um a outro.”

Vejamos agora como acontece a segunda vista:

“É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, frequentemente a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica.

O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam: o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.”

Podemos entender que, como o Espírito vê por todo o seu perispírito, basta que o seu perispírito se irradie para que o Espírito possa ver o que se encontra distante do corpo físico.

Ainda sobre como ocorre a segunda vista:

“A visão espiritual é, na realidade, o sexto sentido ou sentido espiritual, de que tanto se falou e que, como os outros sentidos, pode ser mais ou menos obtuso ou sutil. Ele tem como agente o fluido perispiritual, como a visão física tem por agente o fluído luminoso. Assim como a irradiação do fluído luminoso leva a imagem dos objetos à retina, a irradiação do fluido perispiritual traz à alma certas imagens e certas impressões.”

E a explicação para um fato curioso:

“Na dupla vista ou percepção pelo sentido psíquico, ele não vê com os olhos do corpo, embora, muitas vezes, por hábito, dirija o olhar para o ponto que lhe chama a atenção. Vê com os olhos da alma e a prova está em que vê perfeitamente bem com os olhos fechados e vê o que está muito além do alcance do raio visual.”

Vejamos outro questionamento muito interessante:

A moléstia, a proximidade do perigo, uma grande comoção podem desenvolvê-la. O corpo, às vezes, vem a achar-se num estado especial que faculta ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos carnais.”

Comentário de Allan Kardec a esta questão:

“Nas épocas de crises e de calamidades, as grandes emoções, todas as causas, enfim, de superexcitação do moral provocam às vezes o desenvolvimento da segunda vista. Parece que a Providência, quando um perigo nos ameaça, nos dá o meio de conjurá-lo. Todas as seitas e partidos perseguidos oferecem múltiplos exemplos desse fato.”

A pessoa que tem uma visão pela dupla vista lembra do que viu depois que a visão cessa?

Nem sempre. Consideram isso coisa perfeitamente natural e muitos creem que, se cada um observasse o que se passa consigo, todos verificariam que são como eles.”

“454. Poder-se-ia atribuir a uma espécie de segunda vista a perspicácia de algumas pessoas que, sem nada apresentarem de extraordinário, apreciam as coisas com mais precisão do que outras?

É sempre a alma a irradiar mais livremente e a apreciar melhor do que sob o véu da matéria.”

 “a) – Pode essa faculdade, em alguns casos, dar a presciência das coisas?

Pode. Também dá os pressentimentos, pois que muitos são os graus em que ela existe, sendo possível que num mesmo indivíduo exista em todos os graus, ou em alguns somente.”

Estando a pessoa acordada (em vigília), o que ocorre com ela quando a segunda vista acontece?

“No momento em que o fenômeno da segunda vista se produz, o estado físico do indivíduo se acha sensivelmente modificado. O olhar apresenta alguma coisa de vago. Ele olha sem ver. Toda a sua fisionomia reflete uma como exaltação. Nota-se que os órgãos visuais se conservam alheios ao fenômeno, pelo fato de a visão persistir, malgrado a oclusão dos olhos.

Aos dotados desta faculdade ela se afigura tão natural, como a que todos temos de ver. (...) De ordinário, o esquecimento se segue a essa lucidez passageira, cuja lembrança, tornando-se cada vez mais vaga, acaba por desaparecer, como a de um sonho.

O poder da segunda vista varia, indo desde a sensação confusa até a percepção clara e nítida das coisas presentes ou ausentes. Quando rudimentar, confere a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma certa segurança nos atos, a que se pode dar o qualificativo de precisão de golpe de vista moral. Um pouco mais desenvolvida, desperta os pressentimentos. Mais desenvolvida ainda, mostra os acontecimentos que deram ou estão para dar-se.”

Recomendamos a leitura de alguns exemplos que Kardec nos oferece sobre a faculdade da dupla vista, como:

Visões, cortejo fúnebre dos tios, o roubo da taça pelos irmãos de José, dupla vista permanente em uma senhora, entrada de Jesus em Jerusalém, beijo de Judas, pesca milagrosa, vocação de Pedro, André, Tiago, João e Mateus.


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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.       O Livro dos Espíritos

2.       Instruções práticas sobre as manifestações espíritas

3.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

4.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo

 

 

 

Sugestões de Materiais Complementares




[1] A “cadeia” é uma metáfora em relação ao perispírito se encontrar ligado (unido) ao corpo durante a vida.

[2] Todos os grifos são nossos

[3] Ver OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA 

LETARGIA, CATALEPSIA E MORTES APARENTES (COMA e EQM- experiência de quase morte)

 Objetivos:

1.     Entender a letargia e a catalepsia sob o ponto de vista espiritual;

2.     Distinguir as diferenças entre letargia e catalepsia;

3.     Compreender o que acontece com o corpo e com o Espírito nos estados de letargia e catalepsia;

4.     Entender como o magnetismo pode impedir as mortes aparentes.

 

Conteúdo:

Para o estudo presente é importante lembrar que o perispírito está totalmente ligado ao corpo desde o momento em que nascemos e só se desliga quando morremos. Sobre essas afirmações trazemos o esclarecimento de Allan Kardec:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > A Gênese > Capítulo XI - Gênese espiritual > Encarnação dos Espíritos > 18
“18. Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.

Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em consequência da desorganização do corpo[1]. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito.”

O Espiritismo nos esclarece também que, durante a encarnação, a alma se emancipa (se liberta parcialmente) em qualquer oportunidade que o corpo físico possibilite, quando se encontra em repouso e o não uso dos sentidos físicos. Assim Allan Kardec escreve:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais > Vista espiritual ou psíquica. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos > 23
“23. Embora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que não possa alongar a cadeia que o prende e transportar-se a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço. (...) Ele, por conseguinte, se sente feliz em deixar o corpo, como o pássaro em se encontrar fora da gaiola, pelo que aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para dela se escapar, de todos os instantes em que a sua presença não é necessária à vida de relação. (...) De todas as vezes que o corpo repousa, que os sentidos ficam inativos, o Espírito se desprende. Nesses momentos ele vive da vida espiritual, enquanto o corpo vive apenas da vida vegetativa; acha-se, em parte, no estado em que se achará após a morte: percorre o espaço, confabula com os amigos e outros Espíritos, livres ou encarnados também.”

Allan Kardec analisou os estados em que a alma se emancipa enquanto o corpo permanece com os sentidos inativos. Além do sono, Kardec listou outras formas de emancipação da alma, tal como: catalepsia, letargia, sonambulismo, dupla vista e êxtase.

Neste texto vamos estudar sobre a emancipação da alma pela catalepsia[2] e pela letargia[3], que podem dar aspectos de morte aparente.

Os Espíritos explicaram esses estados de emancipação da alma:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 424
“A letargia e a catalepsia derivam do mesmo princípio, que é a perda temporária da sensibilidade e do movimento, por uma causa fisiológica ainda não explicada”[4].

Os Espíritos continuam a resposta acima, informando as diferenças entre Letargia e Catalepsia:

“Diferem uma da outra em que, na letargia, a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo todas as aparências da morte; na catalepsia, fica localizada, podendo atingir uma parte mais ou menos extensa do corpo, de sorte a permitir que a inteligência se manifeste livremente, o que a torna inconfundível com a morte.”

A letargia é sempre natural; a catalepsia é por vezes espontânea, mas pode ser provocada e anulada artificialmente pela ação magnética.”

Com mais detalhes os Espíritos explicam sobre a letargia:

Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - 1866 > Maio > Uma ressurreição
“A letargia é uma suspensão acidental da sensibilidade nervosa e do movimento que apresenta o aspecto da morte, mas que não é a morte, pois não há decomposição, e os letárgicos vivem muitos anos após o seu despertar. A vitalidade, por ser latente[5], não deixa de estar na plenitude da sua força, e a alma não está mais destacada do corpo do que no sono ordinário.”

Ou seja, a vitalidade, originada pelo princípio vital, se conserva no corpo, porém não está ativa nos órgãos o suficiente para lhes dar movimento.

Vejamos o que se dá com a alma em estados de letargia e catalepsia:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 422
“422. Os letárgicos e os catalépticos, em geral, veem e ouvem o que se passa em derredor, sem que possam exprimir que estão vendo e ouvindo. É pelos olhos e pelos ouvidos que têm essas percepções?

Não; pelo Espírito. O Espírito tem consciência de si, mas não pode comunicar-se.”

Após a resposta acima, Kardec questiona o motivo pelo qual o Espírito não pode se comunicar:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 422 > 422-a
“a) Por quê?

Porque a isso se opõe o estado do corpo. Esse estado especial dos órgãos* vos prova que no homem há alguma coisa mais do que o corpo, pois que, então, o corpo já não funciona e, no entanto, o Espírito continua ativo.”

* “Estado especial dos órgãos” se refere ao da impossibilidade de os órgãos se manifestarem de forma normal, devido à latência da vitalidade.

A letargia pode ocasionar a morte?

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 423
“423. Na letargia, pode o Espírito separar-se inteiramente do corpo, de modo a imprimir-lhe todas as aparências da morte e voltar depois a habitá-lo?

Na letargia, o corpo não está morto, porquanto há funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente, como na crisálida, porém não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha ligado. Em se rompendo, por efeito da morte real e pela desagregação dos órgãos, os laços que prendem um ao outro, integral se torna a separação e o Espírito não volta mais ao seu envoltório. Quando um homem aparentemente morto volve à vida, é que não era completa a morte.”

Na resposta acima fica claro que o Espírito só abandona o corpo quando os laços, que unem Espírito e corpo (que é o próprio perispírito), se rompem integralmente, de forma definitiva.

Sabendo que pode causar a morte real do corpo, Kardec pergunta o que se pode fazer para que o corpo saia do estado de letargia. Vejamos:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 424
“424. Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a se desfazerem, restituindo-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse socorrido?

Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso. O magnetismo, em tais casos, constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamento dos órgãos.”

Vejamos agora a explicação de Kardec nos possibilitando entender como ocorrem os fenômenos da letargia e da catalepsia, no estudo feito sobre as ressurreições, na obra A Gênese:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais > Catalepsia. Ressurreições > 29
29. A matéria inerte é insensível; o fluido perispirítico igualmente o é, mas transmite a sensação ao centro sensitivo, que é o Espírito. As lesões dolorosas do corpo repercutem, pois, no Espírito, qual choque elétrico, por intermédio do fluido perispiritual, que parece ter nos nervos os seus fios condutores. É o influxo nervoso dos fisiologistas que, desconhecendo as relações desse fluido com o princípio espiritual, ainda não puderam achar explicação para todos os efeitos. A interrupção pode dar-se pela separação de um membro, ou pela secção de um nervo, mas, também, parcialmente ou de maneira geral e sem nenhuma lesão, nos momentos de emancipação, de grande sobre-excitação ou preocupação do Espírito.

E Kardec continua trazendo duas analogias que nos facilita a compreensão:

“Nesse estado, o Espírito não pensa no corpo e, em sua febril atividade, atrai a si, por assim dizer, (1) o fluido perispiritual que, retirando-se da superfície, produz aí uma insensibilidade momentânea. Poder-se-ia também admitir que, em certas circunstâncias, (2) no próprio fluido perispiritual uma modificação molecular se opera, que lhe tira temporariamente a propriedade de transmissão. É por isso que, muitas vezes, no ardor do combate, um militar não percebe que está ferido e que uma pessoa, cuja atenção se acha concentrada num trabalho, não ouve o ruído que se lhe faz em torno. Efeito análogo, porém, mais pronunciado, se verifica nalguns sonâmbulos, na letargia e na catalepsia. Finalmente, do mesmo modo também se pode explicar a insensibilidade dos convulsionários e de muitos mártires.”

Vejamos algumas passagens evangélicas trazendo o entendimento das curas que Jesus realizou ao doar seu fluido magnético, restituindo à vida algumas pessoas em estado letárgico, que foram dadas como mortas àquela época:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XV - Os milagres do Evangelho > Ressurreições > A filha de Jairo
“37. Tendo Jesus passado novamente, de barca, para a outra margem, logo que desembarcou, grande multidão se lhe apinhou ao derredor. Então, um chefe de sinagoga, chamado Jairo veio ao seu encontro e, ao aproximar-se dele, se lhe lançou aos pés, — a suplicar com grande instância, dizendo: Tenho uma filha que está no momento extremo; vem impor-lhe as mãos para a curar e lhe salvar a vida. Jesus foi com ele, acompanhado de grande multidão, que o comprimia. Quando Jairo ainda falava, vieram pessoas que lhe eram subordinadas e lhe disseram: Tua filha está morta; por que hás de dar ao Mestre o incômodo de ir mais longe? — Jesus, porém, ouvindo isso, disse ao chefe da sinagoga: Não te aflijas, crê apenas. — E a ninguém permitiu que o acompanhasse, senão a Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu ele uma aglomeração confusa de pessoas que choravam e soltavam grandes gritos. — Entrando, disse-lhes ele: Por que fazeis tanto alarido e por que chorais? Esta menina não está morta, está apenas adormecida. — Zombavam dele. Tendo feito que toda a gente saísse, chamou o pai e mãe da menina e os que tinham vindo em sua companhia e entrou no lugar onde a menina se achava deitada. — Tomou-lhe a mão e disse: Talitha cumi, isto é: Minha filha, levanta-te, eu te ordeno. — No mesmo instante a menina se levantou e se pôs a andar, pois contava doze anos, e ficaram todos maravilhados e espantados. (S. Marcos, 5:21 a 43.)”

Outra passagem:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XV - Os milagres do Evangelho > Ressurreições > O filho da viúva de Naim
“38. No dia seguinte, dirigiu-se Jesus para uma cidade chamada Naim; acompanhavam-no seus discípulos e grande multidão de povo. — Quando estava perto da porta da cidade, aconteceu que levavam a sepultar um morto, que era filho único de sua mãe e essa mulher era viúva; estava com ela grande número de pessoas da cidade. — Tendo-a visto, o Senhor se tomou de compaixão para com ela e lhe disse: Não chores. — Depois, aproximando-se, tocou o esquife e os que o conduziam pararam.

Então, disse ele: Mancebo, levanta-te, eu o ordeno. — Imediatamente, o moço se sentou e começou a falar. E Jesus o restituiu à sua mãe. Todos os que estavam presentes ficaram tomados de espanto e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo. — O rumor desse milagre que ele fizera se espalhou por toda a Judéia e por todas as regiões circunvizinhas. (S. Lucas, 7:11 a 17.)”

Kardec faz um comentário a respeito dessas passagens:

“39. Contrário seria às leis da Natureza e, portanto, milagroso, o fato de voltar à vida corpórea um indivíduo que se achasse realmente morto. Ora, não há mister se recorra a essa ordem de fatos, para ter-se a explicação das ressurreições que Jesus operou.

Se, mesmo na atualidade, as aparências enganam por vezes os profissionais, quão mais frequentes não haviam de ser os acidentes daquela natureza, num país onde nenhuma precaução se tomava contra eles e onde o sepultamento era imediato. É, pois, de todo ponto provável que, nos dois casos acima, apenas síncope ou letargia houvesse. O próprio Jesus declara positivamente, com relação à filha de Jairo: Esta menina, disse ele, não está morta, está apenas adormecida. Dado o poder fluídico que ele possuía, nada de espantoso há em que esse fluido vivificante, acionado por uma vontade forte, haja reanimado os sentidos em torpor; que haja mesmo feito voltar ao corpo o Espírito, prestes a abandoná-lo, uma vez que o laço perispirítico ainda se não rompera definitivamente. Para os homens daquela época, que consideravam morto o indivíduo desde que deixara de respirar, havia ressurreição em casos tais; mas, o que na realidade havia era cura e não ressurreição, na acepção legítima do termo.”

E sobre a passagem evangélica muito famosa, denominada de Ressurreição de Lázaro.

“40. A ressurreição de Lázaro, digam o que disserem, de nenhum modo infirma este princípio. Ele estava, dizem, havia quatro dias no sepulcro; sabe-se, porém, que há letargias que duram oito dias e até mais. Acrescentam que já cheirava mal, o que é sinal de decomposição. Esta alegação também nada prova, dado que em certos indivíduos há decomposição parcial do corpo, mesmo antes da morte, havendo em tal caso cheiro de podridão. A morte só se verifica quando são atacados os órgãos essenciais à vida.[6] E quem podia saber que Lázaro já cheirava mal? Foi sua irmã Maria quem o disse. Mas, como o sabia ela? Por haver já quatro dias que Lázaro fora enterrado, ela o supunha; nenhuma certeza, entretanto, podia ter.”

Para ilustrar esse estudo, indicamos a leitura de alguns casos de letargia e catalepsia descritos nas Revistas Espíritas, como a Sra. Schwabenhaus, que passou algumas horas em morte aparente, o Sr. D., que ficou mais de uma hora afogado em lama, e de Luísa, uma jovem cataléptica.

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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK

  

Obras utilizadas:

1.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo

2.       O Livro dos Espíritos

3.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

 

Sugestões de Materiais Complementares

https://www.kardecplay.net/pt/video/47-letargia-catalepsia-mortes-aparentes




[1] Todos os grifos são nossos.

Definições conforme a ciência: Fonte: https://www.significados.com.br

[2] “Catalepsia é a ausência temporária dos movimentos e da postura que, relacionada a certos tipos de demência, pode ser caracterizada pela rigidez dos músculos, fazendo com que a pessoa permaneça na posição em que é colocada; observada na histeria, na hipnose, nas meningites, na uremia etc.”

[3] “Letargia é um estado de inconsciência, onde a pessoa aparenta estar em sono profundo e perde totalmente a capacidade de responder aos estímulos externos. A letargia também pode ser considerada uma psicopatologia, onde o indivíduo apresenta períodos variados de total inconsciência. Em alguns casos o indivíduo pode permanecer consciente de tudo o que se passa ao seu redor, mas encontrando-se totalmente impossibilitado de reagir aos estímulos externos. Neste caso, dá-se o nome de letargia lúcida e costuma ser provocada em pessoas que sofreram com um intenso estresse emocional, por exemplo.

Uma das principais causas que pode levar ao estado de letargia são as infecções graves que afetam alguns pontos do sistema nervoso.”

[4] Atualmente a medicina tem estudos mais detalhados sobre as causas da Letargia e Catalepsia. Em geral o termo letargia foi substituído pelo conceito de “coma” e por “experiência de quase-morte” (EQM), que se transformou em linha de pesquisa de médicos e parapsicólogos modernos.

[5] Que não se manifesta; que não está aparente; oculto. FONTE: https://www.dicio.com.br

[6] Atualmente existem exames e equipamentos que confirmam se existem ou não sinais vitais e atestam ou não o óbito, sem qualquer dúvida.