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DUPLA VISTA

 

Objetivos

1.     Definir o que é segunda vista;

2.     Entender o que causa a segunda vista;

3.     Perceber como a segunda vista pode variar entre os indivíduos;

4.     Saber as características da segunda vista.


Conteúdo:

Uma das maneiras da alma se libertar, quando estamos encarnados é a denominada por Allan Kardec de Segunda vista ou Dupla Vista

Lembramos que essa libertação é apenas parcial visto que libertação total só ocorre quando o corpo morre. Por isso, Kardec denominou de estados de emancipação da alma, conforme explica no texto abaixo:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais > Vista espiritual ou psiquíca. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos > 23
“23. Embora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que não possa alongar a cadeia[1] que o prende e transportar-se a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço. Repugna ao Espírito estar ligado ao corpo, porque a sua vida normal é a de liberdade e a vida corporal é a do servo preso à gleba.”

No presente estudo, vamos trazer os textos da Doutrina Espírita escritos por Kardec, sobre a segunda vista ou dupla vista.

Na seguinte pergunta, Kardec questionou a respeito da relação entre as formas de emancipação da alma:

“447. O fenômeno a que se dá a designação de segunda vista[2] tem alguma relação com o sonho e o sonambulismo?

Tudo isso é uma só coisa. O que chamas segunda vista é ainda resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo seja adormecido. A segunda vista é a vista da alma.”

E assim Kardec definiu a segunda vista:

“VISTA (SEGUNDA) – Efeito da emancipação da alma, que se manifesta em estado de vigília. Faculdade de ver as coisas ausentes como se estivessem presentes. Os que são dotados dessa faculdade não veem pelos olhos, mas pela alma, que parece a imagem dos objetos em qualquer parte para onde se transporte e como que por uma espécie de miragem. Essa faculdade não é permanente: certas pessoas a possuem, mau grado seu; ela lhes parece um efeito natural e produz aquilo a que se chama visões.”

Essa característica de estar acordado e em emancipação, que é própria da segunda vista, é muito interessante! São visões que certas pessoas têm enquanto estão acordadas, apesar de quererem ou não e mesmo sem saberem que possuem.

O espiritismo descobriu a segunda vista?

“O sonambulismo natural e artificial, o êxtase e a segunda vista não passam de variedades ou modificações de uma mesma causa. Esses fenômenos, como os sonhos, estão na natureza. Tal a razão por que existiram em todos os tempos. A história mostra que foram sempre conhecidos e até explorados desde a mais remota antiguidade e neles se nos depara a explicação de uma imensidade de fatos que os preconceitos fizeram fossem tidos por sobrenaturais.”

Essas informações valiosas trazidas pelos Espíritos e tão bem explicadas por Allan Kardec nos possibilita entender fatos, situações e tantos enganos que ocorreram e ainda ocorrem em nossa humanidade terrestre. Kardec também disserta sobre isso:

“Estando em a Natureza, pois depende da constituição do Espírito, essa faculdade existiu, portanto, em todos os tempos; mas, como todos os efeitos cuja causa é desconhecida, a ignorância o atribuía a causas sobrenaturais. Os que a possuíam em grau eminente e podiam dizer, saber e fazer coisas acima do alcance vulgar, ou eram acusados de pactuar com o diabo, qualificados de feiticeiros e queimados vivos, ou foram beatificados, como tendo o dom dos milagres, quando, na realidade, tudo se reduzia à aplicação de uma lei natural.”

Embora sabendo que a emancipação da alma seja uma lei da natureza, pois que o Espírito sempre está ativo e deseja estar livre, e que é pelo perispírito que a alma vê, a segunda vista acontece para todas as pessoas? É espontânea ou podemos provocá-la? É igual ou diferente entre as pessoas? Vejamos:

“Essa faculdade, muito mais comum do que se pensa, apresenta-se com graus de intensidade e aspectos muito diversos, conforme os indivíduos: nuns ela se manifesta pela percepção permanente ou acidental, mais ou menos clara, das coisas afastadas; noutros, pela simples intuição dessas mesmas coisas; noutros, enfim, pela transmissão do pensamento. É notável que muitos a possuem sem suspeitá-lo, e sobretudo sem se darem conta, pois ela é inerente ao seu ser, e lhes parece tão natural como ver pelos olhos; muitas vezes, mesmo, confundem essas duas percepções. Se se lhes pergunta como veem, a maior parte do tempo não sabem explicar melhor do que explicariam o mecanismo da visão ordinária.”

Como segunda vista é inerente ao ser, ou seja, existem pessoas que já nascem com essa faculdade, ela se manifesta espontaneamente?

“449. A segunda vista desenvolve-se espontaneamente ou por efeito da vontade de quem a possui como faculdade?

As mais das vezes é espontânea, porém com frequência também a vontade desempenha importante papel no seu desenvolvimento. Toma, para exemplo, de umas dessas pessoas a quem se dá o nome de ledoras de sorte, algumas das quais dispõem desse poder, e verás que é a vontade que as auxilia a entrar no estado de segunda vista e no que chamas visão.”

“450. A segunda vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?
Sim, do trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação do véu que encobre as coisas.”

Observemos que Kardec e os Espíritos falam em “desenvolver”. Desenvolver algo que existe, e não provocar a sua existência.

Continuamos com a mesma questão 450:

“450.a.  Esta faculdade tem alguma ligação com a organização física?

Incontestavelmente, o organismo influi para a sua existência. Há organismos que lhe são refratários.”

Essa mesma informação foi dada pelos Espíritos quando Kardec escreveu sobre o sonambulismo[3], ou seja, que essas faculdades existem conforme uma disposição orgânica, isto é, que depende do organismo. Por isso, só é passível de ser desenvolvida em quem possua essa condição no seu organismo.

Mediante a informação de que a faculdade da dupla vista depende do organismo, e, baseado em suas observações e experiências, natural é que Kardec questione sobre a hereditariedade da referida faculdade:

Por semelhança do organismo, que se transmite como as outras qualidades físicas. Depois, a faculdade se desenvolve por uma espécie de educação, que também se transmite de um a outro.”

Vejamos agora como acontece a segunda vista:

“É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, frequentemente a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica.

O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam: o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.”

Podemos entender que, como o Espírito vê por todo o seu perispírito, basta que o seu perispírito se irradie para que o Espírito possa ver o que se encontra distante do corpo físico.

Ainda sobre como ocorre a segunda vista:

“A visão espiritual é, na realidade, o sexto sentido ou sentido espiritual, de que tanto se falou e que, como os outros sentidos, pode ser mais ou menos obtuso ou sutil. Ele tem como agente o fluido perispiritual, como a visão física tem por agente o fluído luminoso. Assim como a irradiação do fluído luminoso leva a imagem dos objetos à retina, a irradiação do fluido perispiritual traz à alma certas imagens e certas impressões.”

E a explicação para um fato curioso:

“Na dupla vista ou percepção pelo sentido psíquico, ele não vê com os olhos do corpo, embora, muitas vezes, por hábito, dirija o olhar para o ponto que lhe chama a atenção. Vê com os olhos da alma e a prova está em que vê perfeitamente bem com os olhos fechados e vê o que está muito além do alcance do raio visual.”

Vejamos outro questionamento muito interessante:

A moléstia, a proximidade do perigo, uma grande comoção podem desenvolvê-la. O corpo, às vezes, vem a achar-se num estado especial que faculta ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos carnais.”

Comentário de Allan Kardec a esta questão:

“Nas épocas de crises e de calamidades, as grandes emoções, todas as causas, enfim, de superexcitação do moral provocam às vezes o desenvolvimento da segunda vista. Parece que a Providência, quando um perigo nos ameaça, nos dá o meio de conjurá-lo. Todas as seitas e partidos perseguidos oferecem múltiplos exemplos desse fato.”

A pessoa que tem uma visão pela dupla vista lembra do que viu depois que a visão cessa?

Nem sempre. Consideram isso coisa perfeitamente natural e muitos creem que, se cada um observasse o que se passa consigo, todos verificariam que são como eles.”

“454. Poder-se-ia atribuir a uma espécie de segunda vista a perspicácia de algumas pessoas que, sem nada apresentarem de extraordinário, apreciam as coisas com mais precisão do que outras?

É sempre a alma a irradiar mais livremente e a apreciar melhor do que sob o véu da matéria.”

 “a) – Pode essa faculdade, em alguns casos, dar a presciência das coisas?

Pode. Também dá os pressentimentos, pois que muitos são os graus em que ela existe, sendo possível que num mesmo indivíduo exista em todos os graus, ou em alguns somente.”

Estando a pessoa acordada (em vigília), o que ocorre com ela quando a segunda vista acontece?

“No momento em que o fenômeno da segunda vista se produz, o estado físico do indivíduo se acha sensivelmente modificado. O olhar apresenta alguma coisa de vago. Ele olha sem ver. Toda a sua fisionomia reflete uma como exaltação. Nota-se que os órgãos visuais se conservam alheios ao fenômeno, pelo fato de a visão persistir, malgrado a oclusão dos olhos.

Aos dotados desta faculdade ela se afigura tão natural, como a que todos temos de ver. (...) De ordinário, o esquecimento se segue a essa lucidez passageira, cuja lembrança, tornando-se cada vez mais vaga, acaba por desaparecer, como a de um sonho.

O poder da segunda vista varia, indo desde a sensação confusa até a percepção clara e nítida das coisas presentes ou ausentes. Quando rudimentar, confere a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma certa segurança nos atos, a que se pode dar o qualificativo de precisão de golpe de vista moral. Um pouco mais desenvolvida, desperta os pressentimentos. Mais desenvolvida ainda, mostra os acontecimentos que deram ou estão para dar-se.”

Recomendamos a leitura de alguns exemplos que Kardec nos oferece sobre a faculdade da dupla vista, como:

Visões, cortejo fúnebre dos tios, o roubo da taça pelos irmãos de José, dupla vista permanente em uma senhora, entrada de Jesus em Jerusalém, beijo de Judas, pesca milagrosa, vocação de Pedro, André, Tiago, João e Mateus.


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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.       O Livro dos Espíritos

2.       Instruções práticas sobre as manifestações espíritas

3.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

4.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo

 

 

 

Sugestões de Materiais Complementares




[1] A “cadeia” é uma metáfora em relação ao perispírito se encontrar ligado (unido) ao corpo durante a vida.

[2] Todos os grifos são nossos

[3] Ver OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA