ATRIBUTOS DO ESPÍRITO

 

 Os Atributos do Espírito podem ser compreendidos a partir dos Atributos de Deus, que estão listados em o Livro A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Capítulo II — Deus > Da natureza divina [1], e que transcrevemos aqui.

Trazemos também alguns textos, retirados das obras fundamentais do Espiritismo (escritas por Allan Kardec), para ilustrar, de forma sintética, os Atributos do Espírito em relação aos atributos de Deus.

 

1.     Deus é a suprema e soberana inteligência.     

“É limitada a inteligência do homem, pois que não pode fazer, nem compreender tudo o que existe. A de Deus, abrangendo o infinito, tem que ser infinita. Se a supuséssemos limitada num ponto qualquer, poderíamos conceber outro ser mais inteligente, capaz de compreender e fazer o que o primeiro não faria e assim por diante, até ao infinito.”

Ø     O Espírito é inteligente.

“76. Que definição se pode dar dos Espíritos? “Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação.”[2]

 “79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?

Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material.”[3]

 "A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência.[4]

 

Obs.: Deus é a soberana inteligência. Os Espíritos desenvolvem a inteligência que Deus lhes deu.

 

2.     Deus é eterno.

“Isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus. Se lhe supuséssemos um começo ou fim, poderíamos conceber uma entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver, e assim por diante, ao infinito.”

Ø      O Espírito é imortal

81. Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns dos outros?
Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela sua vontade.

 “A morte, portanto, não passa da destruição do grosseiro envoltório do Espírito: só morre o corpo, o Espírito não morre.”[5]

“83. Os Espíritos têm fim?
“(...) Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim.”[6]
 

Obs.:  Os Espíritos têm início, que é o momento em que Deus os cria, mas não terão fim. São imortais.

 

03. Deus é imutável.

“Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o universo.”

Ø     O Espírito é mutável

“Há duas espécies de progresso, que uma a outra se prestam mútuo apoio: (...) o progresso intelectual e o progresso moral.”[7]

À medida que progride moralmente, o Espírito se desmaterializa, isto é, depura-­se, com o subtrair­-se à influência da matéria; sua vida se espiritualiza, suas faculdades e percepções se ampliam; sua felicidade se torna proporcional ao progresso realizado.”

Obs.: Os Espíritos mudam incessantemente no sentido que o Espírito progride intelectual e moralmente até atingirem o estado de Espírito puro.

 

04. Deus é imaterial.

“A sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito às transformações da matéria. Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria.”

Ø      O Espírito é imaterial.

“3. O Espírito propriamente dito é o princípio inteligente; sua natureza íntima nos é desconhecida; para nós ele é imaterial, porque não tem nenhuma analogia com o que chamamos matéria.”[8]

Obs.: Conforme os itens 1 e 4 acima, e sendo Deus o criador do Espírito, poderíamos, talvez, relacionar à frase constante nas Escrituras que “Deus criou o homem à sua semelhança” à proposição que “Deus criou o ESPÍRITO à sua semelhança”?

 

05. Deus é único.

“A unicidade de Deus é consequência do fato de serem infinitas as suas perfeições. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse entre eles a mais ligeira diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então, não seria Deus. Se houvesse entre ambos igualdade absoluta, isso equivaleria a existir, de toda eternidade, um mesmo pensamento, uma mesma vontade, um mesmo poder. Confundidos assim, quanto à identidade, não haveria, em realidade, mais que um único Deus. Se cada um tivesse atribuições especiais, um não faria o que o outro fizesse; mas, então, não existiria igualdade perfeita entre eles, pois que nenhum possuiria a autoridade soberana.”

Ø     OS Espíritos são inumeráveis

“Deus há criado, desde toda a eternidade, seres espirituais. (...) Progredir é condição normal dos seres espirituais e a perfeição relativa o fim que lhes cumpre alcançar. Ora, havendo Deus criado desde toda a eternidade, e criando incessantemente, também desde toda a eternidade tem havido seres que atingiram o ponto culminante da escala.”[9]

Obs.: É infinito o número de Espíritos no Universo, em todos os níveis de evolução.

 

06. Deus é onipotente.

“Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.”

Ø O Espírito não é onipotente.

“Os Espíritos puros são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gratíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.”

Obs.: Por serem os Espíritos inumeráveis, mesmo aqueles que atingiram o grau máximo de perfeição, não existe um que possua maior poder que outro. 

 

07. Deus é infinitamente perfeito.

“É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, faz-se mister que ele seja infinito em tudo. Sendo infinitos, os atributos de Deus não são suscetíveis nem de aumento, nem de diminuição, visto que do contrário não seriam infinitos e Deus não seria perfeito. Se lhe tirassem, a qualquer dos atributos, a mais mínima parcela, já não haveria Deus, pois que poderia existir um ser mais perfeito.”

Ø  O Espírito é perfectível.

“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, e para aproximá-los de si.”[10] 

“Deus criou-os (os Espíritos) perfectíveis; deu-lhes por objetivo a perfeição, e a bem-aventurança que é sua consequência, mas não lhes deu a perfeição; quis que eles a devessem a seu trabalho pessoal, a fim de que tivessem esse mérito. Desde o instante de sua formação eles progridem, quer no estado de encarnação, quer no estado espiritual; chegados ao apogeu, são puros Espíritos, ou anjos segundo a denominação vulgar; de sorte que, desde o embrião do ser inteligente até o anjo, há uma cadeia ininterrupta da qual cada elo marca um grau no progresso. [11]

Obs.: Os Espíritos são criados sem nenhum saber e sem nenhuma virtude. Através de experiências em múltiplas encarnações eles vão progredindo em sabedoria e moralidade até se tornarem perfeitos, ou puros.

 

08. Deus é soberanamente justo e bom.

“A providencial sabedoria das leis divinas se revela nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria que se duvide da sua justiça, nem da sua bondade. O fato do ser infinita uma qualidade, exclui a possibilidade de uma qualidade contrária, porque esta a apoucaria ou anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela de malignidade, nem o ser infinitamente mau conter a mais insignificante parcela de bondade, do mesmo modo que um objeto não pode ser de um negro absoluto, com a mais ligeira nuança de branco, nem de um branco absoluto com a mais pequenina mancha preta. Deus, pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque então, não possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não seria Deus; todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma haveria estabilidade. Não poderia ele, por conseguinte, deixar de ser ou infinitamente bom ou infinitamente mau. Ora, como suas obras dão testemunho da sua sabedoria, da sua bondade e da sua solicitude, concluir-se-á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar de ser Deus, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom. A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em consequência, já não seria soberanamente bom.”

Obs.: Mesmo os Espíritos puros sendo justos e bons, só Deus é SOBERANAMENTE justo e bom. O próprio Espírito puro, Jesus, quando aqui esteve entre nós disse em resposta ao Mancebo rico: “2. Então, aproximou-se dele um mancebo e disse: Bom mestre, que bem devo fazer para adquirir a vida eterna? – Respondeu Jesus: Por que me chamas bom? Bom, só Deus o é.”[12]