Objetivos:
1. Perceber que é através do perispírito que o Espírito transmite seu pensamento e vontade ao corpo do médium;
2. Entender o que origina a faculdade mediúnica.
Conteúdo:
Iniciamos este estudo, trazendo as questões que formulamos ao final do texto1:
1. Como acontece o mecanismo de manifestação/comunicação entre os Espíritos e
os médiuns?
Ou seja, o Espírito emana seu corpo fluídico sobre o médium,
fazendo com que aconteça o contato fluídico, permitindo que o pensamento do
Espírito, através dos fluidos perispirituais, chegue até o corpo físico do
médium (conforme função do perispírito), possibilitando a manifestação do
Espírito.
Mas, a natureza dos perispíritos sempre permite essa interpenetração fluídica, favorecendo a assimilação do pensamento do Espírito?
Passemos para a segunda questão:
2. Existem condições especificas para que esse processo aconteça?
O texto acima traz três importantes informações:
2.1. O perispírito, tanto do
Espírito quanto do médium, possui uma propriedade de assimilação, que permite
que se combinem e que aconteça a comunicação mediúnica.
Essa informação nos induz a pensar que todos os
Espíritos possuem perispíritos de naturezas fluídicas semelhantes. Porém,
ouve-se muito no movimento espírita que os Espíritos só se comunicam com
determinado médium quando tem afinidade com ele. Isso não contradiz o texto de
O Livro dos Médiuns acima, visto que o moral influi diretamente na qualidade fluídica
do perispírito? Vejamos:
“94. De onde
tira o Espírito o seu envoltório semimaterial?
Do fluido
universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os
mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como
mudais de roupa.”
“a) Assim,
quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um
perispírito mais grosseiro?
É necessário
que se revistam da vossa matéria, já o dissemos.”
Contudo, existem certas particularidades na
formação desse revestimento fluídico que Kardec assim relata:
Mesmo tendo os
mesmos elementos formadores em seus perispíritos, por se encontrarem em um
mesmo mundo, os Espíritos superiores têm um perispírito mais etéreo,
consequência direta do seu estado moral.
Então, perguntamos: esses Espíritos superiores
podem se comunicar por qualquer médium? E a afinidade moral e similaridade
fluídica, não interferem?
Em tese
geral, pode afirmar-se que os Espíritos atraem Espíritos que lhes são
similares e que raramente os Espíritos das plêiades elevadas se comunicam por
aparelhos maus condutores, quando têm à mão bons aparelhos mediúnicos, bons
médiuns, numa palavra.”
Os Espíritos podem se comunicar por qualquer
médium, embora o façam mais amiúde com os que lhes são afins, pela facilidade
de assimilação dos fluidos, por serem semelhantes.
A segunda informação contida no item 236 de O Livro dos Médiuns é:
2.2. O perispírito dos médiuns possui uma força de expansão particular que facilita a comunicação dos Espíritos:
A expansão dos fluidos perispirituais do médium
possibilita ao Espírito entrar em relação com ele.
E a terceira informação é:
2.3.
E os que não são médiuns carecem dessa expansão, na
verdade existe neles uma refratariedade da matéria que faz oposição ao desenvolvimento
da mediunidade.
Podemos resumir o que já estudamos até agora:
O fenômeno mediúnico só é possível acontecer por
existirem pessoas, denominadas médiuns, cujo perispírito possui condições
especiais de assimilação e expansão fluídica, que lhes permite vencer a
refratariedade da matéria e lhes confere a faculdade mediúnica.
Mas, qual é a causa inicial da faculdade
mediúnica, que vence a refratariedade da matéria e confere condições especiais
ao perispírito?
Encontramos na seguinte definição de médium o
entendimento dessa questão:
Contudo, em geral, essa qualificação só se aplica às pessoas nas quais a faculdade mediatriz esteja claramente caracterizada e se traduza por efeitos patentes de uma certa intensidade, o que, então, depende de uma organização mais ou menos sensitiva. Além disso, é de notar-se que essa faculdade não se revela em todos do mesmo modo: geralmente os médiuns têm uma aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que determina tantas variedades quantas as espécies de manifestações.”
Extraímos do texto acima informações de como se processa o fenômeno mediúnico. Vejamos:
- A faculdade mediúnica é inerente ao homem.
- A faculdade depende de uma organização mais ou menos sensitiva.
Se é inerente ao homem, e como o homem se diferencia do Espírito por possuir um corpo físico, a mediunidade é, logicamente, inerente à sua organização (física), que é mais ou menos sensitiva, e concede aos médiuns a sua faculdade mediúnica.
Kardec traz em outros textos a mesma afirmativa sobre ser orgânica a faculdade mediúnica:
Se em qualquer homem pode haver essa
predisposição orgânica, então a faculdade mediúnica não se relaciona com
evolução ou progresso moral do homem?
Esta é a resposta dos Espíritos:
Então o que determina a faculdade mediúnica a certas pessoas?
Esta resposta traz
um acréscimo importante, definindo que a faculdade
mediúnica pode ser desenvolvida, entretanto, só pode ser
desenvolvida quando existe o princípio.
Assim, podemos incluir mais dados no
nosso resumo:
O fenômeno
mediúnico só é possível acontecer por existirem pessoas, denominadas médiuns,
cujo perispírito possui condições especiais de assimilação e expansão
fluídicas, que lhes permite vencer a refratariedade da matéria e lhes confere a
faculdade mediúnica. Esta faculdade só é possível de ser desenvolvida devido ao
princípio ou gérmen existente no organismo físico do médium.
Deixamos para o final uma frase de Kardec que diz assim:
Seria a mencionada predisposição orgânica que
facultaria uma menor “aderência” na ligação do perispírito e do corpo? Uma
condição que permitiria ao perispírito do médium uma maior expansibilidade e,
com ela, a facilidade de se pôr mais facilmente em contato com os Espíritos?
Uma condição que também facultaria uma maior assimilação dos fluidos
perispirituais do Espírito?
E o que provoca essa predisposição orgânica?
Não sabemos. Kardec e os Espíritos não foram além
dessas informações.
A pesquisa através da ciência espírita poderá nos
responder a isso. Uma pesquisa com o rigor necessário para estar em
conformidade com o que já foi estabelecido pelos Espíritos da Codificação.
Conforme o que Kardec nos deixou na introdução do
livro O Evangelho Segundo O Espiritismo a respeito do Controle Universal
do Ensino dos Espíritos, sabemos que:
“Toda teoria em manifesta contradição
com o bom-senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos já
adquiridos, deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja o nome que
traga como assinatura”.
Ou seja, é
necessário que se tenha o estudo das obras fundamentais da Doutrina Espírita,
escritas por Allan Kardec, para não se cometer o grave erro de contradizer informações
de Espíritos muito elevados, sob as orientações do Espírito de
Verdade, o próprio mestre Jesus.
___________________________________
Obras utilizadas:
1.
A Gênese, os milagres e as predições segundo o
Espiritismo
2.
O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos
evocadores
3.
O Livro dos Espíritos
4.
Instruções práticas sobre as manifestações
espiritas
5.
Revista Espírita 1865
6.
O Evangelho segundo o Espiritismo